A declaração de Imposto de Renda é uma certeza na vida de milhões de brasileiros, mas há detalhes nesse processo que podem passar despercebidos até mesmo pelos mais atentos.
O contador André Charone, autor do livro “Declaração de Imposto de Renda: Dicas e Truques que o Leão Não Quer Que Você Saiba”, aponta alguns destaques sobre o assunto. Veja abaixo cinco aspectos do imposto de renda que raramente são discutidos:
Erros podem ser corrigidos sem pânico
Charone ressalta que um dos maiores medos dos contribuintes é cometer erros na declaração. No entanto, ele tranquiliza: “Se você cometeu um erro, pode enviar uma declaração retificadora sem necessidade de pagar multas, desde que faça isso antes de ser notificado para uma auditoria.”
Isso mostra a flexibilidade do sistema em permitir correções. No entanto, o contador ressalta que o contribuinte deve ficar atento para corrigir as inconsistências antes de receber a notificação da Receita Federal. “Caso contrário, não será possível mais realizar a retificação”, destaca Charone.
Pode ser bom declarar mesmo que você não esteja obrigado
O contador destaca um aspecto muitas vezes ignorado sobre a declaração do imposto de renda: os benefícios de declarar mesmo quando não se é obrigado.
Muitos contribuintes assumem que, se não atingem o limite de renda que torna a declaração obrigatória, não há vantagens em preenchê-la. No entanto, existem situações em que declarar pode ser extremamente benéfico.
“Por exemplo, pessoas que tiveram imposto retido na fonte e não são obrigadas a declarar podem receber uma restituição se optarem por enviar a declaração”, explica Charone.
Além disso, realizar a declaração voluntariamente pode facilitar a obtenção de vistos para viagens internacionais ou a aprovação de financiamentos e empréstimos, já que muitas instituições financeiras e consulados pedem o comprovante de declaração de renda como prova de rendimentos.
Declarações em conjunto podem ser benéficas (ou não)
Casais têm a opção de fazer a declaração conjuntamente ou separadamente, e a escolha entre uma e outra pode impactar significativamente o valor a pagar ou a restituir.
Charone destaca que “em muitos casos, a declaração conjunta pode ser mais benéfica, dependendo das rendas e das deduções envolvidas”. Ele recomenda analisar cuidadosamente as finanças do casal antes de decidir.
O especialista explica que, em algumas situações, a soma das deduções e dos limites fiscais pode favorecer a declaração conjunta, especialmente quando um dos cônjuges não tem rendimentos. “No entanto, quando ambos possuem rendimentos altos tende a ser mais vantajoso declarar em separado”, alerta o contador.
A Restituição não passa de um “empréstimo grátis” ao governo
Embora aquele dinheirinho extra da restituição possa ajudar bastante no orçamento familiar, Charone comenta que não existe muito motivo para ficar agradecido ao Fisco.
“A restituição não é um benefício concedido pelo governo. Muito pelo contrário, na verdade é o reembolso dos valores que foram retidos a mais em relação ao que você devia”, afirma.
Segundo o contador, a declaração de imposto de renda faz um ajuste entre o valor que foi retido ao longo do ano anterior e o que o contribuinte de fato devia, após o lançamento de todas as deduções.
“Se foi retido mais do que era devido, o governo vai lhe restituir essa diferença. Na prática, é como se você tivesse emprestado, sem juros e sem escolha, seu dinheiro para o Fisco e agora o recebesse de volta”, explana Charone.
A fiscalização está mais tecnológica do que nunca
Com o avanço tecnológico, a Receita Federal tem melhorado seu sistema de cruzamento de dados. “A chance de ser convocado para ajustar sua declaração ou mesmo enfrentar uma auditoria aumenta se houver inconsistências”, alerta o contador.
A tecnologia tem tornado a fiscalização mais eficaz, exigindo maior precisão nas declarações. Charone destaca que o uso de softwares sofisticados pela Receita permite que ela identifique rapidamente discrepâncias ou omissões, o que torna ainda mais crucial a precisão no preenchimento das informações.