Cotidiano

Insatisfeitos com problemas, estudantes ocupam escolas no RS

O quadro de problemas nas escolas públicas estaduais é histórico e a depreciação da qualidade de ensino vai muito além da falta de professores ou da qualificação dos docentes. Escolas de Porto Alegre tem falta de tudo: água, luz, infraestrutura e até itens básicos de higiene, como papel higiênico. O quadro também não é diferente pelo Interior do Estado.
Faltam cadeiras, mesas, infraestrutura. Sobram goteiras, paredes rachadas, problemas estruturais e desinteresse. Falta também material humano. Os professores que estão na rede pública não estão lá por causa do salário. Longe ainda de receber o piso salarial da categoria, fazem o que podem para passar seu conhecimento aos alunos.
Os problemas que você leu acima não são de hoje e, infelizmente, não tem prazo para serem resolvidos. A crise -sempre ela- impede que o governo estadual dê condições mínimas para os professores e para as escolas. Em recente entrevista ao jornal Correio do Povo, a secretaria da Educação afirmou não ter condições de pagar salários melhores aos professores.
O Cpers/Sindicato, representante dos professores, decretou como resposta ao não atendimento de suas demandas uma greve por tempo indeterminado na sexta-feira. A paralisação não tem data para terminar, mesmo que afete o cronograma escolar.
No meio de todo esse fogo cruzado estão os alunos. Outrora eles apenas reclamavam que teria que recuperar aulas em dezembro e janeiro. Hoje, se engajam em campanhas junto dos professores por uma educação melhor.
As recentes ocupações de escolas públicas de São Paulo -contra um projeto do governo daquele ele estado de unificar turmas e fechar estabelecimentos- inspiram os estudantes gaúchos na busca do que deveriam receber: educação de qualidade.
A primeira ocupação registrada em Porto Alegre foi no Colégio Estadual Coronel Emílio Afonso Massot, no bairro Azenha, seguido da Escola Estadual Agrônomo Pedro Pereira, no bairro Agronomia, Escola Estadual de Ensino Fundamental Jerônimo de Ornelas, Escola Técnica Senador Ernesto Dornelles e o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho. Em Rio Grande, na região Sul do Estado, estão ocupados o Instituto Estadual de Educação Juvenal Miller, Escola Estadual de Ensino Médio Silva Gama e a Escola Estadual de Ensino Médio Bibiano de Almeida.

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Na noite deste domingo, por volta das 20h30min, era a vez do Colégio Protásio Alves, na Azenha, ser ocupado. Na pauta ampla dos estudantes estão as críticas aos cortes na educação, atraso nos repasses para as escolas, demora na reforma do Colégio, privatização das escolas públicas e o repúdio à repressão  do governo Alckmin em São Paulo ao movimento de secundaristas.
Também destacam-se as manifestações contra os cortes ao “Vou à Escola”, um benefício de passe livre estudantil para famílias de baixa renda; apoio à greve dos professores; um suposto ofício que prove alunos de participarem de manifestações e contra o projeto de lei “Escola sem Partido” que exclui a possibilidade de debate da sexualidade, religião e política.
A Secretaria da Educação diz que está aberta ao diálogo e que segue fazendo todos os esforços para, assim como o governo estadual, “recuperar o equilíbrio financeiro das contas públicas” e oferecer condições melhores para os alunos.
“É fundamental que as aulas sejam mantidas regularmente, preservando o atendimento dos nossos estudantes, razão da existência de todo o sistema educacional. O acesso dos professores e alunos às escolas deve ser preservado. Caso isso não ocorra, as Coordenadorias Regionais de Educação devem ser imediatamente comunicadas, conforme regem as normativas em vigor.”

Greve dos professores

A ocupação das escolas surge no momento em que professores estaduais entram em greve. Os professores querem, pelo menos, reajuste de 8,13%, enquanto o governo não prevê em seu projeto de Orçamento nenhum reajuste.
“Estamos cansados de não receber em dia, não receber salário integral, de não ter reajuste, de não ter boas condições de trabalho. E nossos alunos estão juntos conosco nessa luta, pois eles também estão cansados do sucateamento da educação pública, de suas escolas mal estruturadas e abandonadas e da falta de merenda”, afirmou o CPERS/Sindicato em sua página em uma rede social.