A taxa de rejeição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu 57% e estabeleceu um recorde entre candidatos à Presidência, de acordo com o Datafolha. Indicado ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, Lula vê seu atual índice de rejeição superar inclusive o registrado pelo peemedebista Ulysses Guimarães na campanha eleitoral de 1989, de 52%, que até então era o mais alto da história.
Antes desse levantamento, a pior taxa de rejeição do petista, de 47%, tinha sido em novembro de 2015. A maior rejeição em anos eleitorais, de 40%, foi em 1994, quando ele perdeu para o tucano Fernando Henrique Cardoso. Mesmo entre os mais pobres, Lula já é rejeitado por metade (49%) da população. O índice cresce conforme o avanço da renda familiar e chega a 74% entre aqueles que ganham dez ou mais salários mínimos por mês.
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A pesquisa mostra que para a grande maioria dos eleitores, Lula só aceitou o cargo de ministro no governo Dilma para obter foro privilegiado no STF (Supremo Tribunal Federal) e, assim, escapar das ações do juiz Sergio Moro nas investigações da Operação Lava Jato.
São 68% os que veem esta motivação, ante apenas 19% que acreditam que Lula tenha aceitado o cargo para ajudar o governo Dilma. Na mesma linha, 73% dos entrevistados acham que a presidente agiu mal ao convidar Lula para assumir uma pasta em seu ministério; só 22% aprovaram a iniciativa.
“A grande maioria da população decodifica o convite a Lula como uma tentativa de livrá-lo das investigações da Lava Jato e da Justiça, e não como algo que pudesse ter alguma ajuda para o governo de fato”, afirma o diretor de Pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni.
Na cerimônia em que deu posse a Lula, na última quinta-feira (17), Dilma acusou Moro de ter “desrespeitado a Constituição” e ressaltou que a utilização de “métodos escusos” e “práticas criticáveis” podem levar à realização de um golpe no país.
No dia anterior havia sido divulgada uma conversa telefônica entre Lula e a presidente, na qual ela disse que encaminharia a ele o “termo de posse” de ministro. A suspeita é que o documento pudesse ser usado caso o ex-presidente tivesse a prisão decretada pela Justiça.
Os brasileiros também não acreditam que a presença de Lula entre os ministros de Dilma irá melhorar o desempenho geral do governo. Para 36% dos entrevistados pelo Datafolha, a gestão tende a piorar –outros 38% acham que não haverá mudanças com a presença do ex-presidente no ministério.
Depoimento na Polícia Federal
O instituto também perguntou a opinião dos entrevistados sobre o fato de o juiz Sergio Moro ter obrigado o ex-presidente a depor de forma coercitiva na Polícia Federal no início de março, a fim de obter declarações sobre um sítio em Atibaia e um tríplex em Guarujá –que, acredita-se, pertencem a Lula.
Para 82% dos entrevistados, o juiz agiu bem. Apenas 13% condenaram a decisão, criticada por alguns juristas.