Crônica de Nova Iguaçu 0 x 2 Inter: andar sem pensar

Vamos direto ao que interessa. Sim, sou eu, F. Era noite de Copa do Brasil e, conforme os jogos vão ficando importantes, eu sei, leitor (a), teu afeto se volta para os acontecimentos do jogo. Joaquim, meu vizinho colorado, passou por mim no corredor do prédio e não quis nem papo. Assim como Lygia, que foi encontrar amigas dela. Então hoje (13), vou me furtar de devanear porque todas as minhas atenções estavam em Inter e Nova Iguaçu, no Mané Garrincha, em Brasília, que contou com presença da torcida Colorada.

Outro motivo para se ater ao jogo é um certo espírito mecanicista que se apoderou de mim. Talvez porque hoje pudesse ser a estreia do centroavante colombiano Rafael Borre, chamado de “La Maquina”. Ou também porque, olhando o jogo do Inter, percebemos que as engrenagens estão bem azeitadas, como diria o poeta. Para vocês verem, até a imagem evocada remete a algo funcionando. Elas vêm uma atrás da outra, como em uma grande avenida, onde, nesse caso, o semáforo vermelho significa caminho livre.

Isso porque o Inter de Chacho Coudet consolida um estilo que encontra espaços. Os adversários fazem um engarrafamento na defesa, mas o Colorado é aquele motociclista costurando entre os carros. Mas as imagens param por aí porque teríamos de debater a respeito deste tipo de conduta, o que remete a questões sociais mais amplas e o objetivo do texto é trazer o entretenimento do jogo.

Ao contrário das últimas 9 vitórias construídas pelo Inter, em que, à exceção do Gre-Nal, essa superioridade era construída logo cedo, na noite desta quarta-feira (13), o Colorado custou um pouco para assumir o controle das ações. O Nova Iguaçu, semifinalista do Campeonato Carioca, campanha que o levou a ser comparado à Laranja Mecânica – olha aí, mais uma máquina no jogo – entrou com ousadia na partida, tentando marcar em cima e construir jogadas, principalmente até os primeiros 15-20 minutos.

Mas aos poucos o talento Colorado foi aparecendo. O time gaúcho criava chances, com belíssimas construções coletivas que envolviam nomes como Maurício, Wanderson, Alan Patrick e Enner Valência. Tudo isso sustentados pelo volante estreante Fernando. Até que, aos 30, Maurício cruzou da direita, Wanderson cabeceou e, no rebote, Enner Valencia, que já havia perdido um gol há poucos minutos, dessa vez não perdoou e pôs o Inter na frente.

O gol deu um pouco de tranquilidade para o Inter, enquanto o Nova Iguaçu teve que ser ainda mais valente. O time criou uma chance aos 44, com Yago. Após uma tabela ele chutou na saída de Anthoni, mas Robert Renan afastou quando o goleiro colorado já estava vencido. Houve tempo para Alan Patrick quase marcar um golaço coletivo após tabela desde a defesa do Inter. A partida foi para o intervalo ainda quente, mesmo com a  tarefa do Nova Iguaçu beirando o inexequível.