SERRA GAÚCHA

Mulheres são responsáveis pela maior parte das famílias da Zona Norte de Caxias do Sul

Associação Fluência Casa Hip Hop considera importante este tipo de pesquisa para saber as demandas da comunidade e assim propor políticas públicas

Evento na última quinta apresentou resultados do diagnóstico à comunidade – Foto: Nathália Casagrande

Mulher, 25 a 54 anos, não branca e trabalhadora assalariada. Esse é o perfil predominante das chefes de família na Zona Norte de Caxias do Sul, na Serra gaúcha. O levantamento é da associação cultural Fluência Casa Hip Hop, em seu Diagnóstico Territorial, realizado ao longo de 2023. O trabalho de pesquisa, revisão e redação final foi assinado pelas assistentes sociais Daniele Buffon e Maurem de Castilhos.

O levantamento entrevistou uma amostra de 732 pessoas que moram nos bairros Belo Horizonte, Canyon, Centenário, Colina do Sol, Fátima, Santa Fé e Vila Ipê, mapeando hábitos culturais e identificando as principais demandas da comunidade. Os resultados do estudo foram divulgados em evento aberto na última quinta-feira (22) e apresentado aos serviços da Rede Intersetorial que atua na Zona Norte na sexta-feira (23).

O Diagnóstico Territorial da Zona Norte sistematizou informações socioeconômicas e culturais, tais como faixa de renda, grau de escolaridade, condições de moradia e crença religiosa. Os entrevistados também foram questionados sobre convivência familiar, responsabilidades nos cuidados da casa, preferências musicais, atividades de lazer aos finais de semana e acesso a serviços públicos.

Conforme o levantamento, quase 38% das famílias entrevistadas são chefiadas pela mãe, contra aproximadamente 16% de famílias chefiadas pelo pai. Em quase 26% dos lares, a responsabilidade é dividida entre mãe e pai. Nos casos restantes, o papel é desempenhado por avós, tios ou irmãos. Em mais de 70% das famílias, a chefia é exercida por pessoas na faixa entre 25 e 54 anos de idade, enquanto os idosos representam 11,5%. Já em relação à composição étnica da população da Zona Norte, 45% dos respondentes se identificam como brancos, enquanto 53,5% se declaram negros, pardos, amarelos ou indígenas.

“O trabalho desenvolvido, mesmo sendo uma amostra da Zona Norte, demonstra a importância de se diagnosticar o perfil dos moradores, o uso e avaliação das políticas públicas existentes e a participação popular de mais de 700 famílias. O diagnóstico será uma ferramenta potente para a comunidade e também para os serviços públicos presentes no território, pois permite um ponto de partida com dados, vivências e desejos reais”, avaliam Daniele e Maurem.

Lazer, saúde e transporte

Além do perfil socioeconômico dos moradores da Zona Norte, o levantamento também revelou o desejo dos entrevistados por melhorias na oferta de políticas públicas (29,5%). Quando questionados sobre os desejos para seu bairro, 22% optaram pela ampliação ou revitalização dos espaços de lazer. Melhorias no transporte público foram apontadas como prioridade para 15% dos entrevistados, mesmo percentual que escolheu “mais segurança” e “melhoria/ampliação dos serviços de saúde”. A comunidade também demonstrou interesse em cursar oficinas de gastronomia, dança, inclusão digital e Cultura Hip Hop.

“Dentro do projeto In.fluenciando a ZN foram previstas oficinas após o diagnóstico, buscando atender as demandas identificadas durante a análise dos dados. Algumas destas oficinas já foram realizadas com os resultados da primeira parte do diagnóstico, como oficinas de culinária, trazendo a possibilidade de empreendedorismo e renda para as famílias, e também dança e Graffiti para a população idosa, sinalizando a importância de investimentos em serviços e programas para essa faixa da população”, comenta Kamila Bazzo, uma das coordenadoras da Fluência.

Sobre a Fluência

Fundada em julho de 2019, a Fluência Casa Hip Hop é uma associação cultural sem fins lucrativos que atua na promoção da Cultura Hip Hop por meio de ações que mesclam os quatro elementos do movimento: Breaking, Graffiti, DJ e MC. Sua sede está localizada no bairro Santa Fé, na Zona Norte de Caxias do Sul.

Um dos objetivos da associação é possibilitar a promoção da ética e o exercício da cidadania por meio dos valores do Hip Hop. A palavra “fluência” foi escolhida por caracterizar o espontâneo, aquilo que tem fluidez. Em fevereiro de 2021, a Fluência foi reconhecida como Ponto de Cultura pela Lei Cultura Viva (13.018/2014). Já em agosto de 2023, a associação recebeu o Prêmio Caxias do Sul, reconhecimento da Câmara de Vereadores pelo trabalho desenvolvido no município.

O Diagnóstico Territorial da Zona Norte integra o projeto IN.Fluenciando a ZN, que conta com recursos do edital FAC Territórios Criativos, da Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul (EDITAL SEDAC n° 05/2022).