O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic, para 13,25%. Esse é o segundo corte no indexador no ano, que atingiu o menor patamar em 16 meses.
Todos os membros do Copom votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual desta vez, ao contrário do que aconteceu em agosto. Na ocasião, quatro membros optaram por uma redução de 0,25 ponto percentual.
Na nota à imprensa divulgada pelo Banco Central, o Copom afirma que “essa decisão [de reduzir os juros] é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”.
O órgão argumenta, no entanto, que há sinais de um processo desinflacionário mais lento e “por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”. Apesar disso, a taxa de juros pode seguir caindo. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz a nota do Banco Central.
Vai e vem da taxa Selic
O Brasil tem histórico de juros altos. A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) foi criada em 1979 durante a crise de inflação sofrida na Ditadura Militar após o “milagre econômico” do início daquela década. Ela serve com balizador de todas as outras taxas de cobrança do país, tais como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
O maior índice da Selic ocorreu em 1989, em um período de hiperinflação e quando os juros eram calculados todos os dias. Segundo a B3, em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado foi de 3,626% no dia. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada em 26 de dezembro de 1989, quando a taxa composta atingiu inacreditáveis 115.334,03%.
Mas foi só a partir de março de 1999 que a meta para a taxa Selic passou a ser considerada para fins de política monetária. Naquela época a taxa foi fixada em 45%, após a turbulência causada pela Crise dos Tigres Asiáticos (1997) e do início do “câmbio flutuante” do Real junto ao Dólar (1998).
Entre ciclos de altas e baixas, a Selic ficou oscilando entre 8% e 19% nos governos Lula 1 e 2 (2003-2010) e Dilma 1 (2011-2014). Mas foi no governo de Michel Temer que os juros começaram a cair: passaram de 14% em outubro de 2018 para 6,5% em dezembro de 2018. No governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), houve a mínima histórica de 2% em agosto de 2020, em meio à pandemia de Covid-19. Depois veio, com aumento da inflação, houve um choque dos juros sobre a economia brasileira, que teve 12 altas seguidas, chegando até os 13,75% em 2 de agosto de 2022.