BRASÍLIA

Condenado a 20 anos de prisão hacker suspeito de invadir contas de autoridades no Telegram

O julgamento faz parte do processo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal ainda em 2019

Depoimento do Hacker, Walter Delgatti Neto, na CPMI do golpe. Foto Lula Marques/ Agência Brasil

A Justiça Federal condenou a 20 anos de prisão, nesta segunda-feira (21), o hacker Walter Delgatti. Ele é suspeito de invadir contas de autoridades no Telegram, o que o levou a ser preso em 2019. Entre as autoridades com contas invadidas estão integrantes da força-tarefa da Lava Jato, como o ex-procurador Deltan Dallagnol.

O julgamento faz parte do processo da Operação Spoofing, deflagrada pela Polícia Federal ainda em 2019. A sentença foi proferida pelo juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília. Cabe recurso contra a decisão.

Na decisão, o juiz disse que Delgatti tinha a intenção de vender as conversas hackeadas da Lava Jato por R$ 200 mil à imprensa. No entanto, ainda conforme o juiz foi “só após perceber a resistência de jornalistas a pagarem para ter acesso a este material é que houve um esfriamento inicial no ânimo de Walter”.

Leite rebateu também declarações do hacker, que, durante as investigações, declarou que violou as conversas para “combater injustiças” que teriam sido cometidas durante a operação. Além da participação no hackeamento de autoridades, a sentença diz que Walter Delgatti obtinha dados bancários de diversas vítimas e comercializava as informações obtidas em chats especializados em crimes.

No início deste mês, Delgatti já havia sido preso pela PF (Polícia Federal) em função de outra investigação, a invasão aos sistemas eletrônicos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Os policiais investigam se o ato foi promovido por Delgatti a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). De acordo com as investigações, o hacker teria emitido falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

Além de Delgatti, mais seis acusados também foram condenados pelas invasões de celulares. Além dos ex-procuradores da Lava Jato, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e conselheiros do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) também tiveram mensagens acessadas ilegalmente.