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PF deflagra operação sobre joias dadas a Bolsonaro

A Polícia Federal cumpriu, nesta sexta-feira (11), mandados de busca e apreensão no caso das joias que teriam sido enviadas por autoridades sauditas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022). A investigação, chamada de Lucas 12:2, está atrelada ao inquérito policial das milícias digitais, que investiga os crimes de peculato e lavagem de dinheiro.

Quatro ordens judiciais foram cumpridas contra pessoas do entorno do ex-mandatário. Entre elas estão o general da reserva do Exército Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que está preso; Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, e Osmar Crivelatti, tenente do Exército e que também atuou na ajudância de ordens da Presidência. Dois mandados foram cumpridos em dois em Brasília (DF), um em São Paulo (SP) e um em Niterói (RJ).

Os itens, segundo a investigação da Polícia Federal, teriam sido enviados para os Estados Unidos para serem vendidos. “Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior”, diz a PF.

Os valores obtidos com a venda teriam sido depositados em uma conta do general Mauro Lorena Cid na Flórida (Estados Unidos), segundo a investigação. Os itens foram comercializados em lojas especializadas. A PF indica, ainda, que o dinheiro eventualmente obtido com essas vendas seria incorporado ao patrimônio do então presidente Jair Bolsonaro. A PF acrescenta que as vendas só não teriam sido concretizadas porque as esculturas tinham “baixo valor patrimonial”, sendo apenas folheadas a ouro e não de metal maciço.

As joias foram enviadas a Bolsonaro por autoridades sauditas em outubro de 2021 por intermédio da comitiva chefiada pelo então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia).

Também há indícios da venda de esculturas que foram recebidas pelo ex-presidente durante uma visita realizada ao Bahrein, em 2021. Pelo menos dois conjuntos de joias e esculturas foram levados no avião presidencial junto com Bolsonaro no dia 30/12/2022, quando ele deixou o país antes do fim do seu mandato. Além dele, um dos conjuntos de joias Chopard recebidas por Bolsonaro como presente oficial da Arábia Saudita.

O nome da operação, segundo a polícia, faz alusão ao versículo 12:2 do livro de Lucas, da Bíblia: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.