A Polícia Civil deflagrou nesta terça-feira (1º de agosto) a Operação Chapolin para combater uma quadrilha especializada na prática de furtos em veículos. Os crimes ocorriam em estacionamentos de centros comerciais, restaurantes e supermercados localizados em Porto Alegre e região metropolitana. Os criminosos levavam objetos, como bolsas, eletrônicos, carteiras, documentos e dinheiro, mas deixavam para trás os veículos.
Mais de 100 policiais civis cumpriram 42 ordens judiciais, entre buscas (27 mandados), prisões (2 preventivas e 11 temporárias) condução para interrogatório e sequestro de bens. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Gravataí, Canoas, Sapucaia do Sul, Cidreira, Ivoti, Parobé, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Porto Alegre e Cachoeirinha. A ação é da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí, sob a coordenação do Delegado Joel Wagner.
Na ação, os “líderes” do grupo e responsáveis pela prática dos arrombamentos, foram presos. Os dois são moradores de Sapucaia do Sul. Um dos investigados já estava preso após ter sido capturado em flagrante por homicídio tentado e adulteração de placas. Esses crimes ocorreram em Taquara.
Até o último balanço da Polícia Civil, 11 criminosos foram presos. Todos os investigados possuem diversos antecedentes policiais. Eles responderão pelos crimes de furto, adulteração de sinal identificador de veiculo automotor (uso de placa falsa), associação criminosa e receptação. Os agentes recolheram diversos objetos relacionados aos crimes de furto em veículos e uma arma de fogo. Um carro BMW 320I foi alvo de ordem judicial para sequestro.
Como agia a quadrilha
Conforme as investigações, que já perduram há cinco meses, os criminosos usavam um bloqueador conhecido “chapolin”. Ele é semelhante a um controle remoto e “embaralha” os sinais do alarme, impedindo a trava dos automóveis para que sejam efetuados os furtos. No entanto, as investigações apontaram que eles também usavam outra técnica para levar os veículos: quebrar vidros ou danificar as maçanetas, com uso de chaves do tipo “micha”, que são usadas para abertura de fechaduras.
A apuração da 2ª DP de Gravataí identificou dois núcleos na quadrilha: um “operacional”, que faziam os furtos, e outro “transacional”, que ficava responsável por realizar transações bancárias a partir das contas das vítimas para as contas de outros indivíduos. Várias transferências foram identificadas após os criminosos se apossarem de notebooks, celulares, chips de celulares, cartões e demais objetos pessoais.
Para furtarem os carros, os criminosos chegavam a alugar veículos e adulterar as placas, substituindo as originais por placas falsas. Com as provas recolhidas na investigação, com a coleta de imagens de videomonitoramento que captaram os crimes, foram solicitadas as prisões e buscas ao Poder Judiciário. Todas as medidas cautelares solicitadas foram deferidas.
Ações simples evitam esse tipo de crime
O delegado Joel Wagner aponta que a operação Chapolin busca impedir novos crimes, além de buscar elementos probatórios que possam determinar a participação de outros envolvido, a imputação de outros crimes aos criminosos já identificados, além de recuperar objetos furtados e instrumentos do crime.
Desde o início do ano, foram registrados 50 casos de furto de veículos só em Gravataí. Ao menos dez deles foram realizados pela quadrilha, com prejuízos de cerca de R$ 94 mil às vítimas. “Nesses dez casos conseguimos atribuir a autoria a eles, mas há vários outros em que, por vezes, não se consegue imagens de câmeras, por exemplo. São crimes praticados com essa mesma dinâmica, nos quais se suspeita que eles também tenham sido os autores. Essas prisões e buscas vão auxiliar bastante na identificação de outros casos”, aponta Wagner.
Ele instrui os motoristas e passageiros a serem mais atentos quanto aos veículos. “Coisas simples, como verificar se [o carro] está mesmo fechado. Não deixar objetos à vista. Eles estão cuidando. Se a pessoa abre o porta-malas, está cheio de coisas. Normalmente, eles não vão às cegas. Dão uma olhada. É preciso procurar não manusear objetos e não deixar à vista dentro do carro”, destaca.
O Diretor da 1ª DPRM, Delegado Rodrigo Bozzetto, reforça que esta operação é resultado do trabalho de investigação qualificado que procura reduzir os números dos delitos patrimoniais na região. “Outras investigações similares vêm sendo desenvolvidas, cujos resultados vêm sendo sentidos nos índices de criminalidade no município de Gravataí, que seguem em declínio”, aponta.