Após sete séculos, foram revelados pela primeira vez escritos “fantasmas” escondidos sob o texto do manuscrito da Divina Comédia. A obra, que fica na Biblioteca Trivulziana, em Milão, é a mais célebre do escritor florentino Dante Alighieri, considerado o primeiro e maior poeta da Itália.
Os textos foram revelados graças a novas investigações multidisciplinares realizadas pelo Departamento de Estudos Históricos da Universidade de Milão, em parceria com a Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, e outras instituições acadêmicas e de preservação da memória.
“Mais da metade das 248 folhas do manuscrito são palimpsestos, ou seja, foram escritas, apagadas e reescritas”, disse à ANSA, agência italiana de notícias, a paleógrafa Marta Mangini. Segundo ela, a presença de folhas reutilizadas “era conhecida desde o século XIX, mas até agora não havia sido possível ler as escrituras palimpsestas nem usá-las para reconstruir a gênese dessa cópia da Divina Comédia”.
A leitura, possível graças a técnicas de reprodução fotográfica de altíssima resolução, indica que o código dantesco pode ter sido escrito em Nápoles, ou que as folhas “recicladas” tenham sido levadas entre Nápoles e Gênova, cidades costeiras que tinham troca comercial intensa.