O Ministério da Saúde vai substituir gradualmente a VOP (Vacina Oral Poliomielite) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A recomendação foi debatida e aprovada pela CTAI (Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização) que considerou as novas evidências científicas para proteção contra a doença.
O Ministério destaca que a atualização não representa o fim imediato do imunizante na versão popularmente conhecida como “gotinha”. A mudança é tida como um avanço tecnológico que dará maior eficácia ao esquema vacinal e que será feito após um período de transição.
A nova recomendação foi apresentada, nesta sexta-feira (7), durante uma live da ministra da Saúde, Nísia Trindade, com a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria). O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, e o diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) do Ministério da Saúde, Eder Gatti, também participaram da conversa.
Em sua fala, ao comentar sobre a parceria do Ministério da Saúde com as sociedades científicas, a ministra Nísia disse que “não foi assim nos últimos anos, mas queremos retomar a ciência e estamos trabalhando nesse sentido. A retomada das altas coberturas vacinais é uma prioridade do Governo Federal. Esse é um movimento, não uma campanha isolada, justamente pela ideia de continuidade e pelo constante monitoramento de resultados. Esse trabalho não se restringe ao Ministério da Saúde, por isso estamos indo aonde estão os movimentos da sociedade”, afirmou.
Pólio
Em relação aos imunizantes contra a pólio, a indicação da CTAI foi para que o Brasil passe a adotar exclusivamente a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) no reforço aos 15 meses de idade, que atualmente é feito com a forma oral do imunizante. A VIP (forma injetável) já é aplicada aos 2, 4 e 6 meses de vida, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Portanto, após um período de transição que começa no primeiro semestre de 2024, as crianças brasileiras que completarem as três primeiras doses da vacina, irão tomar apenas um reforço com a VIP (injetável) aos 15 meses.
A dose de reforço aplicada atualmente aos 4 anos não será mais necessária, já que o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. A atualização considerou os critérios epidemiológicos, as evidências relacionadas à vacina e as recomendações internacionais sobre o tema.
Desde 1989 não há notificação de caso de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais contra a doença sofreram quedas sucessivas nos últimos anos. Em todo o Brasil, a cobertura ficou em 77,19% no ano passado, longe da meta de 95% para esta vacina. Por isso, a mobilização para retomar as altas coberturas vacinais do país, que já foi referência internacional, é fundamental.
Mobilização
A medida faz parte de uma ampla mobilização nacional lançada em fevereiro pelo Ministério da Saúde, com o lema “Vacina é vida. Vacina é para todos”. O objetivo é sensibilizar e engajar toda a sociedade para a retomada das altas coberturas vacinais no Brasil.
A meta do Governo Federal é retomar a confiança da população nos imunizantes para que o país volte a ser referência internacional em vacinação, atingindo a meta de 90% de cobertura em todas as vacinas. Todas as doses previstas no Calendário Nacional de Vacinação, além do reforço bivalente contra a Covid-19 e a vacina contra Influenza estão disponíveis nas unidades de saúde em todo Brasil.
Estratégia regional
Para combater o risco de reintrodução de doenças que já foram eliminadas pela vacinação, como a poliomielite, o Ministério da Saúde inova nas ações para retomada das altas coberturas vacinais com a adoção do microplanejamento.
No microplanejamento, o Ministério da Saúde trabalha com estados e municípios para melhorar o planejamento das ações de vacinação. Equipes da Pasta vão aos estados para participar das ações deste método, como a análise da situação dos dados.
A ideia é que o município se organize e se planeje considerando a sua realidade local. Neste sentido, a estratégia de imunização será adaptada conforme a população, a estrutura de saúde, a realidade socioeconômica e geográfica.
Como parte do microplanejamento, o Ministério da Saúde vai repassar, de forma inédita, mais de R$ 151 milhões para estados e municípios investirem nas ações de vacinação. A portaria com a destinação dos recursos será publicada nas próximas semanas.