FIM DA LINHA

Operação nacional desarticula quadrilha que movimentou R$ 400 milhões em lavagem de dinheiro

As ações são realizadas em 113 municípios de 23 Estados da federação

Foto: Anelise/Polícia civil

A Polícia Civil deflagrou na manhã desta quarta-feira (7) uma operação visando desarticular organizações criminosas dedicadas à lavagem de dinheiro vinculadas a facções criminosas atuantes no Rio Grande do Sul e também a nível nacional. As ações são realizadas em 113 municípios de 23 Estados da federação.

Ao todo, as autoridades cumprem 403 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas, busca e apreensão de 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. Até o fechamento dessa reportagem, haviam sido registradas uma prisão preventiva em Mato Grosso do Sul,
três prisões em flagrante, uma em Minas Gerais por tráfico, e duas por posse de armas em Canoas e no Mato Grosso do Sul.
Em Ponta Porã também houve apreensão de aproximadamente 1 milhão em espécie

Ainda, outros 86 veículos com situação de gravame e indisponibilidade, bloqueio de contas bancárias de 188 investigados (pessoas física/jurídicas) e 42 imóveis (TO, RJ, RS, RN, PR, MS, GO) com gravame e indisponibilidade. Com exceção dos imóveis, os demais bens apreendidos/indisponíveis estão avaliados em aproximadamente 43 milhões de reais.

Investigações

De dentro do presídio

As investigações começaram no ano de 2021. O objetivo era desmantelar uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas em diversas regiões do Estado do Rio Grande do Sul.

Segundo a Polícia Civil, no decorrer das investigações da Operação, chamada “Fim da Linha”, diversas ramificações desta organização criminosa foram identificadas, sendo possível comprovar que muitos criminosos comandavam o comércio ilícito de drogas de dentro do sistema prisional, com vinculação, num primeiro momento, a duas das facções criminosas do país: uma delas atuante no RS e outra a nível nacional.

A polícia localizou, então, o líder da célula desta organização criminosa que comandava o tráfico na região norte do estado do Rio Grande do Sul. A partir daí, foram realizadas diversas diligências para verificar quem lhe fornecia as drogas, para quem ele as revendia, quem trabalhava para ele, quem transportava seu dinheiro e o dinheiro que dele partia para as instâncias superiores da facção criminosa.

Nível nacional

Foto: Joana / Polícia Civil

A ação de hoje é a 4ª Fase da operação e investiga crimes de lavagem de dinheiro. Nesta fase, a investigação apurou farto conteúdo relacionado ao tráfico de drogas, compra e venda de armas de fogo, contrabando de cigarros e inúmeras operações bancárias, transferências de dinheiro, depósitos, PIX e números de contas bancárias tanto de pessoas físicas, como de pessoas jurídicas, algumas criadas exclusivamente para “lavar o dinheiro” das organizações criminosas.

Além disso, a investigação apontou, inicialmente, que a facção atuante no RS utiliza a estrutura da facção nacional para lavar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas, contrabando de cigarros e outros crimes. No entanto, durante as análises e diligências, foi possível apurar que estas empresas e pessoas físicas identificadas, além de lavar o dinheiro dessa facção, também branqueavam o dinheiro de outra facção em alguns Estados.

Foto: Joana/Polícia Civil

“Muitas vezes eram pessoas que movimentam vultosas quantias em dinheiro, mas que moram em locais simples, totalmente incompatíveis com as movimentações. Assim como foi constatada a existência de pessoas jurídicas que são tipicamente empresas fantasmas ou que têm suas contas utilizadas exclusivamente para atos de lavagem de dinheiro”, explicou o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) de Passo Fundo, na Região Norte do RS..

Constatou-se, desse modo, a existência de quatro investigados importantes, dois indivíduos e duas empresas fantasmas. Somados os valores movimentados chegam a R$ 165.160.713,33. Em relação aos valores que aportaram na investigação, foi verificada nos extratos consolidados das quebras de sigilo bancário dos alvos uma movimentação de R$ 293.369.842,03 em apenas nove meses (de janeiro a setembro de 2021).

Ainda, foi verificado no curso da investigação mais de 2 bilhões de reais em movimentações suspeitas.

Operação Fim da Linha

A 4ª fase da Operação Fim da Linha – Do Oiapoque ao Chuí foi desencadeada através da Draco de Passo Fundo. A ação contou com o apoio logístico e operacional da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, através do Projeto M.O.S.A.I.C.O viabilizando o trabalho integrado entre as Polícias Civis de 23 Estados da federação (RS, SC, PR, MS, MT, RO, AC, MG, SP, DF, RJ, RR, ES, CE, RN, BA, GO, PA, AM, MA, AP, TO, PI) no enfrentamento a essas organizações criminosas.

Ainda, a investigação contou com apoio do Ministério de Justiça e Segurança Pública, vinculado a Operação Hórus que é uma operação permanente dos Guardiões da Fronteira, visando coibir crimes fronteiriços em todo território nacional.

Foram empregados 1300 policiais civis dos 23 Estados para o cumprimento das 925 ordens judiciais.

A Operação constitui-se em um desfecho de todas as investigações que se iniciaram com o tráfico de drogas e posteriormente a prática da lavagem dos valores oriundos do crime antecedente, todos vinculados ao crime organizado.