A equipe de Cirurgia de Ombro da Santa Casa de Porto Alegre realizou a primeira artroplastia reversa de ombro por navegação da Região Sul do país.
Liderada pelo médico ortopedista Fernando Mothes, o procedimento inova ao fazer uso de um software que utiliza um sistema de GPS para guiar a mão do cirurgião durante a implantação da prótese, permitindo maior precisão em relação à cirurgia convencional.
Como explica Mothes, a artroplastia reversa, também conhecida como prótese reversa, é um método consagrado no tratamento das lesões complexas de ombro, realizada com o objetivo de recuperar o movimento e a força da articulação, eliminando os sintomas de dor.
Segundo o médico, a prótese inverte a biomecânica do ombro ao fixar uma esfera na escápula e uma superfície côncava no úmero.
“Nessa cirurgia, uma questão crucial para o bom resultado é o posicionamento do pino central do componente da glenoide, uma cavidade articular localizada na lateral da escápula. Com a técnica de navegação amplia-se a precisão, sendo possível colocar o implante na posição mais próxima do ideal com risco mínimo de erro técnico e melhores resultados a longo prazo”, destaca o coordenador do Grupo de Cirurgia de Ombro da Santa Casa de Porto Alegre.
O procedimento também contou com a participação do médico Márcio Schiefer, do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), do Rio de Janeiro.
A nova tecnologia, criada pela empresa americana de próteses ortopédicas Exactech, foi utilizada para corrigir uma dor crônica no ombro direito de uma paciente de 80 anos.
Segundo o hospital, com piora progressiva dos sintomas e da perda de movimento, as dores já não permitiam que ela realizasse atividades básicas do dia a dia.
“O objetivo é o alívio total dos sintomas e a melhora importante dos movimentos e da função do ombro, representando um ganho enorme na qualidade de vida da paciente”, ressalta Mothes.
Treinamentos
Para fazer uso da técnica de navegação, o cirurgião realizou diversos treinamentos nos Estados Unidos, além da participação de um curso de pós-graduação em Nova York com usuários da tecnologia do mundo todo.
Segundo Mothes, a expectativa é que a navegação cirúrgica ganhe cada vez mais espaço no Brasil.
“Trata-se de um clássico exemplo do uso da tecnologia em prol da saúde do ser humano. Os benefícios, quando comparado à técnica convencional, já foram comprovados cientificamente, reduzindo as complicações e oferecendo aos pacientes melhor durabilidade da prótese, além de evitar a necessidade de novas reoperações”, frisa o médico.