O Ministério Público de Goiás realizou uma nova fase da operação “Penalidade Máxima”, que investiga a manipulação em jogos de futebol brasileiro. Ordem judiciais foram cumpridas em outros cinco estados, incluindo o Rio Grande do Sul, nesta terça-feira (18).
As investigações do MP de Goiás começaram após denúncias contra o time local Vila Nova, quando o volante Romário aceitou uma oferta de R$ 150 mil para cometer um pênalti. Como não foi relacionado, o jogador tentou cooptar colegas, mas a fraude não aconteceu e a história vazou. O próprio presidente do clube, Hugo Jorge Bravo, investigou o caso e entregou as provas para o MP.
Desde então, a operação foi ampliada por conta de novas suspeitas. Os indícios apontam para fraudes em cinco jogos do Campeonato Brasileiro da Série A do ano passado, além dos estaduais de Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Rio Grande do Sul. Na primeira fase, iniciada em fevereiro, havia suspeitas sobre a Série B.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e mais de 20 de busca e apreensão em seis estados e 16 cidades. Três delas são no Rio Grande do Sul: Pelotas, Santa Maria e Erechim. Além delas foram cumpridos mandados em Goianira (GO), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Chapecó (SC), Tubarão (SC), Bragança Paulista (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santana do Parnaíba (SP), Santos (SP), Taubaté (SP) e Presidente Venceslau (SP).
Como ocorria a fraude
O grupo criminoso atuava para favorecer apostadores de sites a ganharem dinheiro, mas não necessariamente com o resultado final da partida. As manipulações afetavam diversos itens, como um atleta recebendo um cartão amarelo ou vermelho em determinado tempo, um jogador cometendo um pênalti ou até o placar do jogo durante o intervalo. Ainda conforme o MP, os jogadores cooptados recebiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para cometer esses lances durante as partidas.
Alguns dos alvos dos pedidos de busca e apreensão desta terça foram identificados: entre eles estão o meia do Ypiranga de Erechim Gabriel Tota, o zagueiro da Chapecoense Victor Ramos, o lateral-esquerdo do Sport Igor Cariús e o zagueiro do Bragantino Kevin Lomónaco.
Gabriel Tota, de 21 anos, disputou 23 jogos no ano passado pelo Juventude. Ele foi emprestado na semana passada ao Ypiranga de Erechim e, ainda, não entrou em campo pelo canarinho (leia a nota do clube abaixo). O antigo clube do meia também se manifestou por meio de nota.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) afirmou que “apoia toda e qualquer ação que traga transparência e lisura aos campeonatos que organiza e a todo o esporte brasileiro” e chamou as “interferências externas” nas partidas de “epidemia global”.
“A CBF investe uma quantia importante e vultosa no rastreamento e monitoramento de partidas, através da Sport Radar, empresa que atua também para a FIFA e a Conmebol e é mundialmente conhecida por sua expertise neste tipo de trabalho. Isso não acontece somente nas competições que a CBF realiza. A entidade também custeia o mesmo serviço para todas as federações do Brasil”, acrescenta a entidade.
Nota do Ypiranga de Erechim
O Ypiranga Futebol Clube, através desta nota oficial, vem se pronunciar a respeito do desdobramento da Operação Penalidade Máxima, realizada em Erechim e outras cidades, no dia de hoje, por forças policiais. Hoje pela manhã um atleta recém chegado ao clube foi alvo da ação da investigação, na sua residência.
O clube ressalta que o atleta não participou de nenhuma partida pelo Ypiranga, e que o YFC nada tem de responsabilidade na presente ação. O nosso Departamento de Futebol juntamente com o Departamento Jurídico da instituição estão acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, ouvindo o atleta e seus representantes, preservando sua integridade profissional neste momento.
Ressaltamos que não compactuamos e repudiamos veementemente qualquer tentativa de manipulação de resultados, que ferem nossos mais altos valores éticos e esportivos. O clube busca tomar todas as medidas possíveis para evitar e coibir este tipo de ação.
Nota do Juventude
O Esporte Clube Juventude vem a público manifestar seu posicionamento de absoluta contrariedade a toda e qualquer manipulação de resultados no esporte. Não é aceitável que profissionais ligados ao futebol estejam minimamente envolvidos com práticas antidesportivas, antiéticas e imorais.
Dito isto, em relação à operação “Penalidade Máxima”, o Esporte Clube Juventude reforça seu posicionamento de inteiro compromisso em colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação, uma vez que o nome de um atleta vinculado ao clube foi citado.
Esperamos que o Ministério Público e o Poder Judiciário, respeitado o devido processo legal, sejam rígidos na apuração dos fatos e que eventuais responsáveis sejam devidamente penalizados.