A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quarta-feira (5), uma operação para combater o tráfico de drogas e o crime organizado em Porto Alegre. Entre os alvos da ação está um conjunto habitacional construído pela Prefeitura da Capital, onde vivem famílias oriundas da Vila Cabo Rocha, no bairro Azenha.
Aproximadamente 100 policiais civis estão cumprindo 10 mandados de busca e apreensão na Capital. Destes, cinco ocorrem no condomínio. Até o fechamento da reportagem, um homem havia sido preso. Também foram apreendidas quatro armas, drogas e munições.
Segundo a Polícia Civil, a Operação A Vero Domino começou em 2019, para apurar delitos praticados pela organização criminosa no Centro de Porto Alegre. Nesta época, 16 pessoas foram presas. Também foram apreendidos 400 quilos de drogas, 15 armas de fogo, cerca de 400 mil em espécie, além de quatro automóveis. Destes, um está sendo empregado no combate ao narcotráfico após autorização judicial.
Ainda conforme a investigação, este grupo se estabeleceu no condomínio popular, o qual possui estrutura nos moldes de fortaleza, o que dificulta a fiscalização e ações de combate ao narcotráfico. Além desta dificuldade, a Polícia Civil relata que o convívio dos criminosos com crianças e adolescentes residentes no local gera um ciclo de aliciamento. Isso acaba contribuindo para o ingresso destes jovens no mundo do crime.
Ao longo do tempo, ainda, diversas foram as apreensões policiais realizadas, sendo constatada, inclusive, a utilização de documentos falsos em nome de membros do serviço público. O objetivo era alugar locais para servirem como depósito de drogas e armas a serem destinadas ao condomínio.
Segundo a Polícia Civil, o responsável pela movimentação do tráfico de drogas na antiga Vila Cabo Rocha era um indivíduo que, apesar de nunca ter se mudado para o condomínio, teve amigos e familiares que lá se instalaram. Isso fez com que o condomínio se tornasse sua principal área de atuação.
Após a sua morte, em um atentado ocorrido por facção criminosa rival, a liderança do tráfico de drogas no condomínio e demais áreas de atuação desta célula da organização criminosa passou a ser dividida entre duas famílias. Segundo o que foi apurado, as lideranças alternam o controle e lucratividade do tráfico de drogas de maneira pacífica, realizando rodízio semanal de comando.
“Nos últimos meses, em face de guerra instaurada entre facções criminosas atuantes em Porto Alegre, o condomínio tem sido palco de guerra aberta, na qual, inclusive, com emprego de armamentos típicos de guerra”, disse o Diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro.
A ação de hoje ocorre por meio da 3ªDIN/Denarc (3ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico). A operação contou com o apoio da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) e do helicóptero da Policia Civil.