8 DE MARÇO

Respeito às mulheres é valor inegociável no Executivo, diz Lula

No Senado, houve homenagens a sete mulheres que contribuíram de forma relevante à defesa dos direitos e das questões de gênero no Brasil

Durante cerimônia em alusão ao Dia Internacional da Mulher, lembrado nesta quarta-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou que, em meio a um contexto de diversas formas de violência contra as mulheres, é dever do Estado e de toda a sociedade enfrentar cada uma delas. Após assinar atos, decretos e projetos de lei, Lula destacou as 11 ministras do seu governo e classificou o respeito às mulheres como valor inegociável.

“Nada, absolutamente nada justifica a desigualdade de gênero. A medicina não explica. A biologia não explica. A anatomia não explica. Talvez a explicação esteja no receio dos homens de serem superados pelas mulheres. É isso que não faz sentido algum. Primeiro porque as mulheres querem igualdade, não superioridade. Segundo porque quanto mais as mulheres avançam, mais o país avança. E isso é bom para toda a população.”

O presidente lembrou que a desigualdade de gênero não é um problema exclusivo do Brasil. Ele citou dados da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre disparidade de renda e desigualdade entre homens e mulheres que indicam que a questão é ainda mais profunda do que se imaginava.

“A humanidade levará 300 anos para alcançar a igualdade entre mulheres e homens se permanecerem as condições atuais. Por isso, não podemos aceitar que a condições atuais sejam mantidas. A igualdade de gênero não virá da noite para o dia, mas precisamos acelerar esse processo. E, se dependesse desse governo, a desigualdade acabaria hoje mesmo por um simples decreto do presidente”, concluiu.

Participação no poder

Como parte das homenagens ao Dia Intencional da Mulher, o Senado homenageou sete mulheres que contribuíram de forma relevante à defesa dos direitos e das questões de gênero no Brasil. Elas foram agraciadas no plenário da Casa, com o Diploma Bertha Lutz.

A homenagem leva o nome da bióloga, advogada paulista e uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. O diploma é entregue a pessoas que tenham oferecido contribuição relevante à defesa dos direitos da mulher ou que tenham participado no enfrentamento das questões de gênero no Brasil em qualquer área de atuação.

Uma delas foi a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber. Em seu discurso, ela disse que condutas e atos discriminatórios detectados no espaço forense indicam que nem o Poder Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura de subjugar e desqualificar a mulher. Segundo ela, a sociedade brasileira vê, nos dias atuais, a violência contra a mulher recrudescer de forma alarmante.

“Por isso, reafirmar o direito das mulheres à igualdade de tratamento e de acesso aos espaços decisórios públicos como forma de luta contra a discriminação de gênero não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção. Em sociedade marcada pelo machismo estrutural, edificaram-se as estruturas procedimentais e de tomada de decisão de modo a não considerar a mulher como um ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional”.

Também agraciada, a primeira-dama do país, a socióloga Janja da Silva, falou sobre a importância da presença de mulheres em espaços de poder:

“Quero dizer que o meu compromisso com o aumento da representação das mulheres na política é permanente, faz parte do meu dia a dia. Acredito que precisamos cada vez mais institucionalizar nossa presença nos espaços de poder e garantir que existam e sejam cumpridas as regras de paridade”.

Ainda na tribuna do Senado, Janja se comprometeu a ser aliada incondicional de primeira hora nas ações contra a violência de gênero na política: “a questão da violência contra a mulher é inadmissível. É inacreditável o número que hoje temos no nosso Brasil. Precisamos dar um basta. Parem de matar nossas mulheres! Nenhuma de nós com medo, todas nós na política”.

A lista de homenageadas desta edição teve ainda a cientista política e especialista em segurança pública e política de drogas, Ilona Szabó de Carvalho; a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka; e a jornalista e uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito Nilza Valéria Zacarias.

Na edição deste ano, ainda, foram agraciadas postumamente outras duas brasileiras: Clara Filipa Camarão, indígena da etnia potiguara que liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século XVII, em Pernambuco, e a jornalista Glória Maria.