RUMO À BAHIA

Mais de 200 trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves são encaminhados para casa

Ao todo, 207 trabalhadores foram resgatados, conforme dados do MPT. A maioria é oriunda de municípios da Bahia.

Quatro ônibus fretados partiram na noite de sexta-feira levando os resgatados de volta à Bahia. Crédito: MPT-RS / Divulgação

Os mais de 200 trabalhadores resgatados após operações do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), PF (Polícia Federal) e PRF (Polícia Rodoviária Federal), MPT-RS (Ministério Público do Trabalho) e Assistência Social de Bento Gonçalves, começaram a voltar para casa. A maior parte estava em um alojamento em condições precárias encontrados na noite de quarta-feira (22). Para os órgãos de fiscalização, as vítimas eram submetidas a situação análoga à escravidão.

Ao todo, 207 trabalhadores foram resgatados, conforme dados do MPT. A maioria oriunda de municípios da Bahia. Na noite de sexta-feira (24), os trabalhadores receberam parte das suas verbas rescisórias e foram enviados de volta para seu estado natal. Para o transporte, foram fretados quatro ônibus fretados. Eles receberam garantia de custeio da alimentação durante o trajeto.

Apenas 12 dos resgatados permaneceram no Rio Grande do Sul, por serem residentes no Estado ou por não terem manifestado interesse em retornar. As idades dos 207 resgatados variam entre 18 e 57 anos.

Cada trabalhador recebeu uma quantia de R$ 500 como forma de adiantar o pagamento das verbas rescisórias. O restante tem que ser quitado até o dia 28/2 por ordens de pagamento, pix, transferências bancárias ou consignação. O empresário deverá apresentar a comprovação dos pagamentos sob pena de ajuizamento de uma ação civil pública por danos morais coletivos, além de multa correspondente a 30% do valor devido.

Até o momento, estima-se que o cálculo total das verbas rescisórias ultrapasse R$ 1 milhão. O custo do transporte dos trabalhadores de volta à Bahia também ficou sob responsabilidade do contratante. Ao longo da semana, será designada audiência com a empresa empregadora e com as vinícolas tomadoras para prosseguimento da negociação de indenizações individuais e coletiva e também para fixação de obrigações que previnam novas ocorrências.

O caso

Na noite de quarta-feira, a operação começou com uma vistoria realizada pela PRF e pelo MTE em uma pousada localizada no bairro Borgo, que, segundo denúncias realizadas por um grupo que havia conseguido fugir, estava sendo usada como alojamento para trabalhadores atraídos para trabalhar na colheita da uva.

De acordo com depoimentos colhidos dos trabalhadores ao longo da semana, as promessas feitas no momento da contratação incluíam a de que seriam custeados alimentação, hospedagem e transporte, Mas, chegando ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores tiveram que pagar pelo alojamento, já começando em dívida. O local de alojamento também apresentava péssimas condições.