A Rússia começou a realizar nesta sexta-feira (23) referendos de anexação ao país nas regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk, no leste, e de independência e anexação em Kherson e Zaporíjia, ao sul.
Com exceção de Zaporíjia, que fará o pleito em um único dia, as demais áreas seguirão votando até o dia 27. Os referendos são vistos como uma “farsa” tanto pela Ucrânia como pelos países ocidentais e os resultados pró-Rússia não devem obter reconhecimento internacional – como ocorreu na Crimeia, em 2014, que passou por processo semelhante.
Segundo nota repercutida pela imprensa oficial russa, “por motivos de segurança” os moradores das regiões estão sendo “convidados” a votar em locais “próximos” às suas residências ou então a “esperar” por funcionários russos que irão até as casas para recolher os votos.
Dados de Moscou apontam que 750 mil pessoas devem votar em Kherson, 500 mil na região de Zaporíjia, 1,5 milhão de eleitores em Donetsk e cerca de 1,2 milhão em Lugansk. Além de sessões eleitorais nessas áreas, foram abertas urnas na Rússia e na Crimeia.
O governador exilado de Lugansk, Sergei Gaidai, acusou as tropas russas de terem “organizado grupos armados para rodear as residências e obrigar as pessoas a participar dos referendos” em mensagem repercutida pelo “The Guardian”. O político ucraniano ainda afirmou que os moradores foram proibidos de deixar as cidades em que moram durante o período de realização dos referendos.
As “consultas populares” vão permitir a Moscou que os futuros ataques feitos pela Ucrânia para tentar reconquistar as áreas, como vem ocorrendo desde o início de setembro em Kherson e Lugansk, sejam ataques “contra a Rússia” – o que pode agravar ainda mais os confrontos em todo o país.
Nesta quinta-feira (22), inclusive, o ex-presidente russo e vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitri Medvedev, um dos mais próximos aliados do mandatário, Vladimir Putin, voltou a ameaçar a Ucrânia com o uso de armas nucleares em casos de ataques à área do Donbass, que inclui Donetsk e Lugansk.