A Brigada Militar afastou mais seis policiais de suas funções ainda como desdobramento do caso das agressões a Rai Duarte. Ele é o torcedor do Brasil de Pelotas vítima de violência policial após um jogo de seu time contra o São José, em Porto Alegre, no dia 1º de maio deste ano.
Os novos afastamentos foram publicados no Diário Oficial do Estado nesta quinta-feira (22). O CGBM (Comando Geral da Brigada Militar) alega que o comportamento dos afastados é incompatível com a função de policial militar.
Antes de serem afastados, os seis policiais haviam sido transferidos do 11º Batalhão da Polícia Militar para outras unidades em Porto Alegre. Agora eles deixam suas atividades e vão responder a um procedimento administrativo disciplinar demissionário e podem ser demitidos.
Em nota, a Brigada Militar informou também que a medida tem como objetivo deixar os afastados “à disposição dos encarregados para oitivas e demais procedimentos afetos ao caso”, diz a nota.
No dia 2 de setembro, dezessete pessoas foram indiciadas no IPM (Inquérito Policial Militar) como parte das investigações do caso. Foram apuradas as condutas de 17 policiais. Dez deles foram indiciados pelo crime de lesão corporal grave; 11 foram indiciados por tortura; e um policial militar foi indiciado por tortura e tentativa de homicídio. O nome dos investigados não foi divulgado.
O caso
Rai Duarte, agente de saúde de Pelotas e torcedor do Brasil de Pelotas , tinha vindo a Porto Alegre para a partida entre Brasil e São José, no Estádio Passo D’Areia, em Porto Alegre. Durante a partida, houve uma confusão entre as duas equipes. Rai nega que tenha participado do confronto entre as torcidas.
Após o jogo, ele embarcou em um ônibus para voltar a Pelotas. No entanto, o veículo foi abordado por policiais. Rai foi retirado do veículo. Torcedores que estavam no veículo relataram que não conseguiam ver o que estava acontecendo, mas ouviam sons semelhantes a pancadas e socos. Eles também disseram que foram ameaçado por brigadianos.
Rai foi levado pelos policiais até o Hospital Cristo Redentor. Ele chegou caminhando, mas logo em seguida passou mal e foi removido para a emergência.
No hospital, os médicos identificaram que ele tinha sofrido graves lesões no sistema digestivo. Ele ficou internado por 116 dias entre maio e agosto.