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Justiça aceita denúncia contra PMs investigados pela morte do jovem Gabriel

Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado morto, dentro de um açude, seis dias depois de desaparecer durante uma abordagem policial.

Foto: Arquivo pessoal

Os três policiais militares presos pela acusação de envolvimento na morte do jovem Gabriel Marques Cavalheiro se tornaram réus no processo. A juíza Juliana Neves Capiotti, da Vara Criminal de São Gabriel, na Fronteira Oeste, recebeu hoje (6) a denúncia do Ministério Público. O jovem foi encontrado morto, dentro de um açude, seis dias depois de desaparecer durante uma abordagem policial.

Os três policiais foram denunciados por homicídio doloso triplamente qualificado, com motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso Jacobsen e os soldados Cléber Renato Ramos de Lima e Raul Veras Pedroso estão presos preventivamente no BPG (Batalhão de Polícia e Guarda), em Porto Alegre.

A magistrada admitiu a íntegra do pedido de denúncia do MP. Segundo ela, a fundamentação do processo criminal aponta que “há elementos que dão suporte probatório apto a justificar a persecução penal”. Ou seja, o inquérito civil e a denúncia do Ministério Público apresentam provas das acusações contra os policiais. Os três também são alvos de denúncia na Justiça Militar e os processos correm de maneira separada.

Entenda o caso

Gabriel Marques Cavalheiro foi encontrado morto em um açude, na localidade de Lava Pé, na noite de sexta-feira (19), uma semana após o seu desaparecimento. O jovem de 18 anos, morador de Guaíba, estava na Fronteira Oeste para prestar serviço militar obrigatório. As investigações apontam que ele foi abordado pelos três policiais após uma solicitação de uma moradora por perturbação do sossego e levado na viatura. Depois disso, Gabriel não foi mais visto com vida.

Segundo o laudo de necropsia do IGP (Instituto-Geral de Perícias), Gabriel sofreu hemorragia interna após sofrer uma pancada na parte de trás do pescoço. Também foi detectada uma lesão na região da cabeça da vítima. Outro exame havia confirmado que o corpo estava há pelo menos cinco dias no açude. A perícia também apontou que o jovem não tinha água nos pulmões. Isso indica que a vítima já estava sem respirar quando foi deixado dentro da água.

Sangue humano foi encontrado no porta-malas de uma segunda viatura da Brigada Militar de São Gabriel. Amostras foram coletadas para realização de testes para identificar se o sangue é de Gabriel. Esse veículo, que está alocado na patrulha rural, ficou parado das 3h55 às 4h24 da madrugada de 13 de agosto em uma estrada rural de São Gabriel.

O trio encontra-se preso no Presídio Militar de Porto Alegre, onde deverá permanecer preso até o julgamento ou decisão, por habeas corpus, pela soltura.