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Boris Johnson renuncia ao cargo de líder do partido Conservador e deixará de ser primeiro-ministro britânico

Denúncias de que o premiê sabia de acusações de má conduta sexual antes de nomear um ministro levaram ao fim do governo.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou sua renúncia da liderança do Partido Conservador nesta quinta-feira (7) em meio a um novo escândalo que atingiu seu governo. Ele não renunciou ao cargo de premiê e permanecerá na função de forma interina enquanto o Partido Conservador escolhe seu sucessor e novo líder do governo de maioria. Johnson ainda informou que as nomeações feitas nas últimas 24 horas vão ajudar a fazer esse processo de transição.

“Os líderes do Partido Conservador decidiram que é melhor formar um novo governo e eu concordei em entregar o cargo. As datas dos próximos passos serão anunciadas na próxima semana”, disse em frente ao nº 10 de Downing Street.

A nova crise do governo Johnson ocorreu por conta de uma série de denúncias que apontam que o premiê sabia de acusações de má conduta sexual antes de nomear o ministro Christopher Pincher, que renunciou ao cargo na última semana, e era um dos seus principais aliados entre os conservadores.

O escândalo foi denunciado por dois homens em junho, que foram apalpados em um clube por Pincher, que tem uma longa lista de acusações do tipo desde 2012. Por conta disso, mais de 50 pessoas, entre ministros e funcionários de alto escalão, anunciaram que estavam deixando suas funções nesta semana.

Johnson reconheceu que as recentes revelações tornaram o governo insustentável e que “nos últimos dias tentou persuadir os aliados a não mudar o governo”. “É uma pena que isso não tenha sido bem sucedido e que tenhamos que mudar nesse momento. Ninguém é indispensável”, acrescentou.

Escândalo da Covid

Pouco antes das novas revelações, Johnson sobreviveu a uma moção de desconfiança em maio por conta de membros de seu governo – incluindo ele próprio – terem violado com frequências as regras sanitárias contra a disseminação da Covid-19 com festas. Enquanto milhões de moradores estavam em lockdowns obrigatórios, o primeiro-ministro e seu gabinete se reuniam sem uso de máscaras.

Falando do sucessor, “vou-lhe dar todo o apoio que puder e para o povo britânico, sei que muitos vão estar aliviados, alguns desapontados, eu quero dizer que estou muito triste de abrir mão da melhor profissão do mundo”. “Quero agradecer pelo imenso privilégio que recebi do povo”, pontuou ainda.

O premiê interino lembrou dos desafios do mandato, como o processo de saída da União Europeia, a pandemia de Covid-19 e a “guerra de Vladimir Putin na Ucrânia”. E agradeceu o serviço prestado pelos membros do governo e pelos profissionais da saúde. Além disso, prometeu que o governo continuará a apoiar os ucranianos de forma concreta.

Sucessão

O processo para escolher o próximo líder do Partido Conservador será iniciado na próxima semana. Para disputar a sucessão de Johnson, cada candidatura precisa assegurar o apoio de pelo menos oito deputados.

Na primeira votação, são eliminados os postulantes que receberem menos de 18 votos. Na segunda, a cláusula de barreira aumenta para 36 votos. A partir daí, o candidato com menos votos é eliminado, até que reste apenas um.