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Guerra na Ucrânia: Rússia condiciona trégua em Mariupol a rendição em siderúrgica

Indústria abriga último reduto da resistência na cidade

A Rússia afirmou nesta sexta-feira (22) que está disposta a fazer uma trégua humanitária se os combatentes ucranianos entrincheirados na siderúrgica Azovstal, em Mariupol, se renderem.

“A trégua iniciará quando as forças ucranianas hastearem bandeiras brancas por todo o perímetro ou em algumas rotas que levam para fora da Azovstal”, disse o general Mikhail Mizintsev, comandante das tropas russas no cerco a Mariupol.

“Assim que [as bandeiras brancas] forem vistas, o Exército russo e as forças da República Popular de Donetsk interromperão os combates e garantirão uma saída segura para locais de encontro com comboios humanitários”, acrescentou.

Com uma rede de túneis e abrigos subterrâneos, a Azovstal é uma das maiores siderúrgicas da Europa e se tornou o último reduto da resistência ucraniana em Mariupol, cidade conquistada pela Rússia após quase dois meses de cerco.

Segundo o prefeito Vadym Boichenko, é necessário pelo menos “um dia inteiro de cessar-fogo” para permitir a evacuação dos civis refugiados na Azovstal. “Mas as forças russas continuam bombardeando a indústria, e não conseguimos tirar as pessoas dali”, declarou.

Já o vice-comandante do Batalhão de Azov, Svyatoslav Palamar, declarou que “todos os edifícios” no perímetro da siderúrgica estão “praticamente destruídos”. “Jogaram bombas pesadas, bombas antibunker, que provocaram uma destruição enorme. Temos pessoas feridas e mortas dentro dos abrigos. Alguns civis estão presos sob edifícios desabados”, acrescentou.

No entanto, Palamar disse que as forças remanescentes na Azovstal são “suficientes” para resistir aos ataques russos.

“Quanto à hipótese de uma rendição em troca de uma retirada em segurança dos civis, espero que todos saibam com quem estamos lidando. As garantias da Federação Russa não valem nada”, afirmou o vice-comandante do Batalhão de Azov, milícia paramilitar de extrema direita que tem Mariupol como base.

A conquista da cidade é crucial para o objetivo da Rússia de estabelecer uma conexão terrestre entre a península da Crimeia e os territórios rebeldes no Donbass.

Mariupol tinha cerca de 450 mil habitantes antes da guerra, e as autoridades ucranianas estimam que mais de 20 mil pessoas tenham morrido durante o cerco à cidade.