O Ministério da Defesa da Rússia afirmou neste sábado (16) que derrotou todas as forças ucranianas no território da cidade sitiada de Mariupol. Segundo o porta-voz da pasta, major-general Igor Konashenkov, o agrupamento remanescente no município foi “totalmente cercado” nas instalações da siderúrgica Azovstal, e sua única chance de sobreviver é “abaixar as armas voluntariamente e se render”.
“Todo o território da cidade de Mariupol foi totalmente varrido dos militantes da formação nazista de Azov, de mercenários estrangeiros e de tropas ucranianas”, declarou Konashenkov. De acordo com o porta-voz, 1.464 soldados da Ucrânia se entregaram em Mariupol, enquanto mais de 4 mil morreram em combate, mas os números não foram confirmados por Kiev.
A notícia da possível queda de Mariupol chega horas depois de o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter dito que uma eventual “destruição” das forças de defesa na cidade provocaria o fim das negociações com a Rússia.
“Mariupol pode ser equivalente a 10 Borodyankas, e gostaria de dizer que a destruição de nossos militares colocaria um fim em todas as negociações. Isso seria um ponto final porque não negociamos nossos territórios e nosso povo”, afirmou Zelensky em entrevista para a imprensa local.
Ele fez referência a Borodyanka, cidade dos arredores de Kiev que foi recém-libertada das forças russas, o que permitiu a descoberta de indícios de crimes de guerra contra a população civil, como valas comuns com dezenas de corpos e cadáveres com sinais de tortura.
A Rússia agora se concentra na conquista do Donbass, área geográfica da Ucrânia onde ficam as regiões de Lugansk e Donetsk, e Mariupol faz parte desta última. Além disso, a cidade é simbólica por ser o berço do Batalhão de Azov, milícia paramilitar acusada de neonazismo por Moscou.
De acordo com as autoridades locais, os russos estão capturando todos os homens ucranianos de Mariupol e os transferindo para Bezimenne, vilarejo em Donetsk sob controle de Moscou.
Já o chefe da autoproclamada república de Donetsk, Denis Pushilin, afirmou neste sábado que os “nacionalistas” que não se renderem à Rússia em Mariupol serão “eliminados”.
As negociações para um cessar-fogo estão travadas desde o fim de março, quando a Ucrânia se comprometeu a não ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas desde que tenha garantias de segurança por parte de potências internacionais e caminho livre para aderir à União Europeia. A Rússia ainda não respondeu às demandas de Kiev.
No entanto, não houve nenhum avanço a respeito do destino do Donbass, já que a Ucrânia defende a manutenção de sua integridade territorial, enquanto Moscou quer o reconhecimento da soberania de Donetsk e Lugansk.