A Rússia iniciou sua anunciada ofensiva para conquistar a totalidade do Donbass, área do leste da Ucrânia onde ficam as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk. Após um primeiro mês de guerra com bombardeios por todo o território ucraniano, Moscou mudou de estratégia e deixou os arredores da capital Kyiv e outras zonas para se concentrar na tomada do extremo-leste do país, que já é parcialmente controlado por rebeldes separatistas pró-Rússia.
“Os russos estão acumulando suas forças. Sim, ainda não há as grandes batalhas sobre as quais tanto se falou nos últimos dias, mas, em geral, podemos dizer que a ofensiva começou”, disse a emissoras locais Vadym Denysenko, conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia.
Com isso, as atenções voltam a se concentrar em Mariupol, importante cidade portuária situada na região de Donetsk e que ainda não foi conquistada pelos russos, apesar de um cerco militar que já dura mais de um mês e da devastação provocada pelos bombardeios.
Para o Ministério da Defesa do Reino Unido, existe inclusive um aumento no risco de a Rússia usar bombas de fósforo, substância altamente tóxica, quando os combates se intensificarem em Mariupol.
Uma brigada da Marinha ucraniana alocada na cidade escreveu no Facebook que está ficando sem munição e que a próxima batalha provavelmente será a “última”, enquanto o presidente Volodymyr Zelensky disse que o município está “destruído”. “Há milhares de mortos, mas nem assim os russos param a ofensiva. Querem fazer de Mariupol uma cidade extinta”, afirmou o mandatário em discurso ao Parlamento da Coreia do Sul.
Além disso, os rebeldes separatistas de Donetsk anunciaram nesta segunda-feira a tomada do porto de Mariupol, marcando mais um avanço dos invasores na cidade sitiada. Por sua vez, a vice-premiê da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, fez um novo apelo para os cidadãos fugirem do leste do país imediatamente.
“Muitas vezes a decisão de evacuar é adiada porque alguém pensa que a guerra vai acabar. Infelizmente, devo dizer que não será assim. Se é possível evacuar, então, por favor, saiam. Esse é meu apelo à população das regiões de Lugansk, Donetsk e Kharkiv”, disse.
Na última sexta (8), um ataque aéreo contra uma estação de trem em Kramatorsk, em Donetsk, deixou mais de 50 mortos entre civis que aguardavam trens para evacuação, o que pode ter desestimulado a fuga de muitas pessoas.
O próprio chefe da autoproclamada república de Donetsk, Denis Pushilin, anunciou uma “intensificação” das operações na Ucrânia oriental. “Quanto mais demorarmos, mais a população civil sofrerá. Identificamos algumas áreas onde alguns passos devem ser acelerados”, disse o líder dos rebeldes pró-Moscou na região.