O chefe da inteligência militar da Ucrânia alertou neste domingo (27) que a Rússia quer dividir o país em dois. “De fato, é uma tentativa de criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia”, disse Kyrylo Budanov. Segundo ele, como a Rússia fracassou em tomar todo o território ucraniano, o objetivo agora é criar uma região controlada por Moscou.
Na última sexta-feira (25), o Ministério da Defesa russo afirmou que a meta prioritária é obter a “completa liberação do Donbass”, região do leste da Ucrânia onde ficam os territórios separatistas de Lugansk e Donetsk, e que os ataques contra outras áreas do país buscam impedir o envio de reforços ao fronte oriental.
Ainda de acordo com o governo da Rússia, suas tropas e as milícias separatistas do Donbass controlam 94% do oblast (subdivisão administrativa típica de países eslavos) de Lugansk e 54% de Donetsk. Antes da invasão, o domínio dos grupos pró-Rússia não chegava a um terço dos dois territórios.
A declaração de que a prioridade é a “liberação” do Donbass indica que a Rússia pode ter estipulado metas menos ambiciosas após a inesperada resistência ucraniana no primeiro mês de guerra.
Até agora, o maior município conquistado pelos invasores é Kherson, de cerca de 300 mil habitantes, e as forças russas encontram dificuldades para se aproximar de Kyiv ou para tomar outros centros urbanos importantes, como Kharkiv, Odessa e a própria Mariupol, que está sitiada há um mês.
Desde a noite do último sábado (26), a Rússia já bombardeou mais de 30 alvos na região de Kyiv, incluindo edifícios residenciais.
Moscou, por sua vez, alega ter disparado mísseis de navios no Mar Negro para destruir um depósito de armamentos e sistemas defensivos perto da capital ucraniana.