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Polícia Federal deflagra operação após dois homicídios na terra indígena da Serrinha, em Ronda Alta

Trezentos policiais participam da ação para prender os responsáveis pelo homicídio de dois indígenas ocorrido em 16 de outubro, na região Norte do RS.

A Polícia Federal deflagrou, nesta manhã, uma operação em resposta aos dois homicídios ocorridos na Terra Indígena da Serrinha, em Ronda Alta, no Norte do Estado. Nove mandados de prisão foram cumpridos pela PF, com apoio da Brigada Militar. O nome da operação foi designada como “Kãgtén”. Na língua Kaingang significa “matar” ou “fazer matança”. A PF justifica a ação de hoje por causa da escalada de violência, com potencial para causar uma série de assassinatos de outros indígenas.

Entre os presos estão o cacique caingangue Márcio Claudino e integrantes de um grupo de indígenas ligado a ele. Os presos são investigados pelas duas mortes e outros delitos, como tentativa de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e incêndio criminoso.

A investigação indica que aproximadamente vinte indígenas, que haviam sido expulsos da comunidade, estavam reunidos com o objetivo de protestar contra a liderança da Serrinha, quando foram cercados e surpreendidos por um grupo armado de dezenas de apoiadores ligados ao cacicado, que dispararam contra os manifestantes e atingiram os dois indígenas que foram mortos. O restante do grupo que protestava conseguiu fugir, apesar de ser perseguido e de ter sofrido disparos de arma de fogo.

Posteriormente, os agressores ainda depredaram completamente o estabelecimento onde o grupo manifestante estava reunido, conhecido como “Recanto do Inácio”, e atearam fogo em quatro veículos deixados pelas vítimas.

O cacique Márcio Claudino também é investigado por arrendamento ilegal da área indígena para colonos brancos. Pela lei, apenas índios podem plantar na área da reserva.

A Terra Indígena da Serrinha possui uma população de aproximadamente 3,5 mil indígenas. O local tem histórico de sucessivos confrontos violentos nos últimos anos. Em 2017, o próprio cacique à época foi assassinado em uma emboscada.

Na ação de hoje, participam 300 policiais da PF no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Brasília, do 3º Batalhão de Polícia de Choque, do Comando Regional do Policiamento Ostensivo do Planalto e do Comando Rodoviário da Brigada Militar, e do Corpo de Bombeiros Militar com equipes paramédica e de combate a incêndio para eventuais necessidades.

Foto: Polícia Federal / Divulgação