A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e agentes da Polícia Federal interromperam a partida entre Brasil e Argentina, neste domingo (5), em São Paulo. Quatro jogadores da Argentina não cumpriram a quarentena obrigatória por conta da Covid-19 para pessoas que vem do Reino Unido. A agência disse que há “notório descumprimento” das regras sanitárias e citou “risco sanitário grave”. O jogo, que era válido pelas Eliminatórias para a Copa de 2022, foi suspenso.
A Agência determinou que a Polícia Federal deporte os jogadores Emiliano Martínez, Emiliano Buendia, Giovani Lo Celso e Cristian Romero. Eles estavam defendendo seus clubes na Premier League, na Inglaterra. Eles teriam prestado informações sanitárias falsas ao entrar no Brasil para jogar a partida.
“Após reunião com as autoridades em saúde, confirmou-se, após consulta dos passaportes dos quatro jogadores envolvidos, que os atletas descumpriram regra para entrada de viajantes em solo brasileiro, prevista na Portaria Interministerial nº 655, de 2021, a qual prevê que viajantes estrangeiros que tenham passagem, nos últimos 14 dias, pelo Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia, estão impedidos de ingressar no Brasil”, diz o comunicado.
Os atletas informaram que não estiveram nesses países para poder entrar no Brasil em um voo vindo de Caracas, na Venezuela, mas “notícias não oficiais chegaram à Anvisa dando conta de supostas declarações falsas prestadas por tais viajantes”.
“Ante a notícia, a Anvisa notificou de imediato o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS/MS), que coordena a rede CIEVS, responsável pela investigação epidemiológica junto ao estado de São Paulo e ao município de Guarulhos, para que o caso fosse investigado e rastreado. Diante da confirmação de que as informações prestadas pelos viajantes eram falsas, a Anvisa esclarece que já comunicou o fato à Polícia Federal, a fim de que as providências no âmbito da autoridade policial sejam adotadas imediatamente”, acrescentou a agência.
Ao final da nota, a Anvisa afirma que há “risco sanitário grave, e por isso orientou às autoridades em saúde locais a determinarem a imediata quarentena dos jogadores, que estão impedidos de participar de qualquer atividade e devem ser impedidos de permanecer em território brasileiro, nos termos do art. 11, da Lei Federal nº 6437/77”.
O que diz a CBF
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente os fatos ocorridos e que acabaram por provocar a suspensão da partida entre Brasil e Argentina, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA Catar 2022.
A CBF defende a implementação dos mais rigorosos protocolos sanitários e os cumpre na sua integralidade. Porém ressalta que ficou absolutamente surpresa com o momento em que a ação da Agência Nacional da Vigilância Sanitária ocorreu, com a partida já tendo sido iniciada, visto que a Anvisa poderia ter exercido sua atividade de forma muito mais adequada nos vários momentos e dias anteriores ao jogo.
A CBF destaca ainda que em nenhum momento, por meio do Presidente interino, Ednaldo Rodrigues, ou de seus dirigentes, interferiu em qualquer ponto relativo ao protocolo sanitário estabelecido pelas autoridades brasileiras para a entrada de pessoas no país. O papel da CBF foi sempre na tentativa de promover o entendimento entre as entidades envolvidas para que os protocolos sanitários pudessem ser cumpridos a contento e o jogo fosse realizado.
A CBF reitera sua decepção com os acontecimentos e aguarda a decisão da CONMEBOL e da FIFA em relação à partida.