A Polícia Civil prendeu três homens suspeitos de desviar remédios do HPS (Hospital de Pronto Socorro) de Porto Alegre. Os medicamentos seriam usados para fabricação caseira de um entorpecente conhecido da polícia como “purple drank” ou “lean”. Um dos detidos é funcionário terceirizado e atuava na farmácia da unidade de saúde. Um quarto participante da quadrilha já havia sido preso.
O esquema de venda das drogas ocorria, segundo as investigações, há mais de um ano e usava redes sociais. Para a produção do entorpecente, os acusados usavam um analgésico chamado codeína. Ele possui uso controlado e é um opioide da mesma família da morfina e da heroína.
Conforme a polícia, um dos presos é funcionário de uma empresa terceirizada. Ele atuava dentro do HPS da Capital e foi alvo de mandado de prisão durante expediente. Para obter a codeína ele e os outros integrantes da quadrilha falsificava atestados e carimbos médicos.
Além do mandado cumprido contra o terceirizado que atuava no HPS, outros mandados foram cumpridos no bairro Partenon e Santa Cecília, na zona leste. As investigações da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre duravam já dois meses.
A Polícia Civil foi procurada por um farmacêutico que desconfiou do uso de atestados em uma farmácia da zona leste. O nome de uma médica receitava codeína para diversos pacientes, mas o endereço de entrega era sempre o mesmo. O farmacêutico procurou a médica, que negou a expedição de receitas. Ambos procuraram a polícia, que começou a investigar o caso e chegou no primeiro preso.
Em depoimento, o acusado confessou sua participação no crime e delatou o esquema. Afirmou que os medicamentos eram comprados com documentos falsos para produzir a droga. Também afirmou que havia desvios na farmácia do HPS.
As investigações prosseguem para identificar mais envolvidos nos desvios, na falsificação de documentos e tráfico de drogas. Por isso, não há mais detalhes sobre os presos temporariamente na ação desta terça-feira (13).
O que diz a Secretaria da Saúde de Porto Alegre
A Secretaria da Saúde de Porto Alegre afirmou, por meio de nota, que já sabia dos desvios e vinha colaborando com as investigações.
A respeito da operação realizada pela Polícia Civil nesta terça-feira, que prendeu três suspeitos de desviar medicamentos do Hospital de Pronto Socorro (HPS), a Secretaria Municipal de Saúde, através do Hospital de Pronto Socorro, informa que já vinha colaborando com as investigações, fornecendo todas as informações sob sigilo para não prejudicar o trabalho policial.
A instituição recebeu os lotes de codeína no mês de maio. A farmacêutica responsável pelo inventário percebeu a falta de 180 frascos do remédio e comunicou imediatamente os agentes. Com relação ao funcionário da empresa terceirizada apontado como envolvido no esquema, trata-se de um auxiliar de farmácia que trabalha há cerca de um ano no HPS. Ele será imediatamente afastado do cargo e a empresa terceirizada que prestava o serviço está em processo de substituição. O HPS abriu sindicância interna para apurar o ocorrido.
O Hospital de Pronto Socorro informa que vem adotando medidas para controlar com mais rigor a distribuição de medicamentos potencialmente perigosos e medicações de alta vigilância