Após quase quatro meses na UTI Neonatal do HMIPV (Hospital Materno Infantil Presidente Vargas), o bebê que nasceu em 7 de julho, com apenas 24 semanas de gestação, teve alta na tarde desta quarta-feira (4). Vitória chegou ao mundo com apenas 380 gramas, o peso de uma laranja. O parto aconteceu muito antes das 40 semanas consideradas normais para a gestação, quando o bebê já está completamente formado, pronto para deixar a barriga da mãe. Ao sair do hospital, estava com 2 quilos e 200 gramas e 28 centímetros.
“Vitória ainda terá o acompanhamento de um oftalmologista nas primeiras semanas, mas nada muito preocupante diante do que ela teve que superar”, afirma a médica Silvana Streit Pires, que coordena a equipe da UTI Neonatal. “Mesmo com todo o cuidado que recebeu desde o parto, foi uma recuperação realmente surpreendente”, salienta a neonatologista do HMIPV.
O quadro de hipertensão da mãe precipitou o parto. E a menina entrou para a história do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas como o menor “prematuro extremo” a nascer na instituição. Mais do que isso, foi o primeiro a nascer em condições tão críticas e sobreviver sem sequelas. “Normalmente, o principal parâmetro para se definir as chances de sobrevivência de um prematuro é o peso: 500g é o padrão. Vitória chegou com bem menos que isso, o que dá uma dimensão do desafio que foi garantir a sobrevivência desta criança”, destaca Silvana. A médica diz que a idade gestacional também é considerada para avaliar o risco, mas muitas vezes as mães chegam ao hospital sem um histórico de pré-natal.
Não foi o caso de Lisandra Perna, 25 anos, mãe de Vitória. A comerciária de Porto Alegre vinha fazendo os exames rotineiros no HMIPV, sempre acompanhada pelo marido. Mas as condições clínicas dela acabaram apressando o parto. Foi uma cesárea muito difícil, por todas as circunstâncias. Os órgãos já estavam formados, mas ainda não tinham condições de funcionar sem ajuda externa.
Vitória não podia respirar sem auxílio de ventilação mecânica; a alimentação específica para bebês nestas condições só podia chegar ao minúsculo aparelho digestivo através de sondas; e a temperatura corporal só se mantinha em incubadoras especiais. Cada dia era uma dura batalha pela sobrevivência. E assim, pouco a pouco, sob os cuidados intensos e permanentes das equipes na UTI Neonatal do HMIPV, Vitória foi se fortalecendo, até conquistar a alta hospitalar.
Cotidiano