A Prefeitura de Canoas, na região metropolitana, requisitou medicações do kit intubação em clínicas médicas e veterinárias e agropecuárias da cidade. O motivo é o baixo estoque dos remédios necessários para a manutenção de pacientes em ventilação mecânica em leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), por dificuldades respiratórias.
A medida abrange os medicamentos: atracúrio 10mg/ml (5ml e 2,5 ml), rocurônio 10 mg/ml (5ml), cisatracúrio 2mg/ml (5ml), midazolam 5mg/ml (10ml e 3ml) e fentanila 50 mcg/ml (10ml e 5ml). Fica autorizado, assim, o recolhimento desses itens nas sedes e locais de armazenamento dos fabricantes, distribuidores e varejistas, como clínicas agropecuárias e até veterinárias.
Segundo o secretário municipal da Saúde, Maicon Lemos, a medida é necessária. Há escassez de medicamentos do kit intubação devido ao aumento de internação de pacientes graves de Covid-19. Embora Canoas ainda não tenha registrado falta de medicações, “a situação é de alerta”. “O decreto tem por objetivo buscar junto aos serviços locais de saúde complementar, veterinárias e agropecuárias, estoques de medicamentos usados em UTI”, destaca.
“A indústria farmacêutica nacional apresenta grandes dificuldades no abastecimento dos hospitais devido o alto consumo e toda ajuda é fundamental para manter os pacientes que estão intubados”, afirma Lemos.
No mês de março, a Prefeitura de Canoas encaminhou dois ofícios ao Ministério da Saúde solicitando equipamentos e insumos para os três hospitais da cidade. Nos documentos, a administração municipal faz o pedido de medicamentos para intubação e alerta sobre a dificuldade para adquirir os itens, já que os estoques das farmacêuticas nacionais foram requisitados pelo governo federal. Nesta semana, o Hospital Universitário e o Hospital de Pronto Socorro de Canoas receberam lotes de algumas medicações, encaminhadas pelos governos federal e estadual, mas ainda insuficientes para atender a demanda.
Entenda a necessidade do “kit intubação”
Pacientes que necessitam de intubação, por meio de ventilação mecânica, precisam estar totalmente sedados. Ou seja, eles precisam ficar no chamado “coma induzido”. O motivo é instinto natural do ser humano de inspirar oxigênio e expirar gás carbônico, função que é substituída totalmente pela máquina quando o paciente já não consigue respirar por conta própria.
Para a intubação, são necessários vários medicamentos. O “kit intubação” é basicamente composto por três classes de medicamentos: os analgésicos, os hipnóticos e os bloqueadores neuromusculares. A aplicação desses remédios é variável, a depender do quadro clínico de cada paciente.
Cada classe tem uma função específica. De forma bem resumida, o analgésico é usado para que o paciente não sinta nenhuma dor. Já o hipnótico serve para deixar o paciente em sedado. E o bloqueador neuromuscular tem função de impedir impulsos ou respostas dos músculos do corpo humano, o que poderia causar a saída ou deslocamento do tubo da ventilação mecânica, o que é chamado de “extubação involuntária”.