O aumento expressivo de casos de Covid-19 e as internações em UTIs (unidades de terapia intensiva) estão esgotando o número de leitos em Porto Alegre. Pela primeira vez em 11 meses de pandemia, a Capital gaúcha tem 98% de ocupação no sistema de alta complexidade. Dois hospitais da cidade já trabalham acima da capacidade.
Conforme dados da SMS (Secretaria Municipal da Saúde), 760 das 809 das unidades de terapia intensiva estão ocupadas no município. Os dados são divulgados pelas próprias instituições de saúde e centralizados pela secretaria. Casos de coronavírus representam mais da metade dos pacientes em atendimento até a manhã desta segunda-feira (22).
Os dados apontam que, dos 760 leitos ocupados, 337 são por pacientes com diagnóstico de Covid-19. Mas, se contar os casos suspeitos – quando não há o resultado do exame – o total salta para 446.
Na cidade, apenas dois hospitais estão abaixo de 80% da capacidade. Um deles é o Hospital Porto Alegre, que tem sete leitos de UTI e tem dois pacientes não-Covid em atendimento. E o outro é o Hospital Santa Ana, que também não atende nenhum paciente com coronavírus, e tem 3 dos 10 leitos de terapia intensiva vagos.
Nos demais estabelecimentos, há vários casos onde não há mais leitos. É o caso do Hospital São Lucas da PUCRS, do Independência, Fêmina e da Restinga, que operam com 100% das vagas ocupadas. Outros estão próximos deste patamar, como o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Conceição e o Mãe de Deus.
Dois hospitais de Porto Alegre atendem mais pacientes que o número de leitos operacionais. É o caso do Moinhos de Vento, que atende 76 pacientes em ambiente intensivo em 66 vagas. E a Santa Casa, que tem 112 vagas, mas tem 13 leitos bloqueados e 108 pacientes em atendimento.
Hospitais em alerta máximo
Na noite de ontem (21). os hospitais de Porto Alegre enviaram manifesto ao Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, apoiando as medidas apresentadas na última sexta-feira (19) para combater a transmissão da covid-19. Dentre elas estão a suspensão de atividades entre 22h e 5h da manhã e a suspensão do sistema de gestão compartilhada da pandemia, o que permite que prefeituras adotem regras de isolamento social mais brandas que as estaduais.
Na nota, as instituições o Rio Grande do Sul está “diante de uma situação de alto risco a toda a coletividade. Um cenário que exige, para os próximos dias, decisões duras mas necessárias, a fim preservar o bem maior: a vida”, diz a nota dos hospitais.
O consórcio de instituições assinala que as aglomerações registradas no Carnaval devem piorar o quadro já frágil do sistema de saúde. “As aglomerações registradas no feriado de Carnaval deverão repercutir no aumento de casos de covid-19 nas próximas semanas. Se isso ocorrer em grandes proporções e com os hospitais mantendo o cenário de superlotação – e nada indica uma mudança em curto prazo –, o resultado será grave. Se medidas rígidas de distanciamento social não forem tomadas, as consequências serão ainda mais complicadas”, destaca o texto.
O manifesto é assinado pelo Sindihospa (Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre), Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Grupo Hospitalar Conceição, Hospital Moinhos de Vento, Hospital São Lucas da PUCRS, Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia, Hospital Ernesto Dornelles e Rede de Saúde Divina Providência.