Cotidiano

Glória Eterna: Santos e Palmeiras decidem Libertadores no Maracanã

A constelação de craques que Palmeiras e Santos ostentaram entre os anos 50 e 60 fez com que o encontro entre alviverdes e alvinegros ganhasse o apelido de “Clássico da Saudade”. Seis décadas após embates que reuniam gênios como Ademir da Guia e Dudu de um lado, e Pelé e Coutinho de outro, os rivais paulistas irão protagonizar, provavelmente, o principal embate em mais de cem anos de história. Neste sábado (30), Verdão e Peixe decidem, às 17h (horário de Brasília), no Maracanã, no Rio de Janeiro, o campeão da edição 2020 da Libertadores. A partida terá transmissão ao vivo da Rádio Nacional, com narração de André Luiz Mendes, comentários de Waldir Luiz e plantão de Bruno Mendes.

O Palmeiras busca o segundo título continental na história. Em 1999, o Verdão superou o Deportivo Cali (Colômbia) na final e levantou a taça. A equipe da capital paulista ainda esteve em outras três finais (1961, 1968 e 2000). O Santos, que também disputa sua quinta decisão, mira o tetracampeonato, podendo se isolar como a equipe brasileira com mais títulos de Libertadores – hoje, o posto é dividido com São Paulo e Grêmio, ambos também tricampeões. O Peixe levou a melhor em 1962, 1963 e 2011, sendo vice em 2003.

A edição de 2019, vencida pelo Flamengo em Lima (Peru), foi a última com jogos de ida e volta. A final da Liberta nesta tarde no Maracanã será a primeira em jogo único. Quis o destino que o novo formato de decisão de título em solo fluminense fosse 100% brasileira. Apesar de não terem times cariocas envolvidos, Palmeiras e Santos estão longe de serem estranhos naquele que outrora foi o maior estádio do mundo. Ambos já tiveram o gostinho de levantar taças no Maracanã, e mais de uma vez.

Foi no “Maraca” que o Verdão conquistou a Copa Rio de 1951 ao superar a Juventus (Itália). Um feito que o clube entende ter sido o primeiro título mundial de clubes da história e cujo reconhecimento, ainda hoje, é motivo de discussão. Já em 1967, o Alviverde paulista foi campeão da Taça Roberto Gomes Pedrosa (equivalente ao Campeonato Brasileiro da época) ao bater o Náutico na final.

Apesar de o rival deste sábado (30) ter dado a volta olímpica primeiro, o Peixe é quem tem currículo mais campeão no estádio. São oito títulos, sendo quatro brasileiros (1962, 1964, 1965 e 1968), três edições do extinto Torneio Rio-São Paulo (1963, 1964 e 1997) e o principal, o título do Mundial de 1963, o segundo do clube, ao vencer o Milan (Itália), mesmo sem Pelé em campo. Com mais uma taça, o Santos se iguala ao Flamengo como maior detentor de conquistas nacionais e internacionais no Maracanã – o Rubro-Negro tem nove.

O Palmeiras é quem chega com a campanha mais positiva. O Verdão ganhou nove jogos, empatou dois e perdeu somente uma vez, justamente a partida de volta da semifinal, contra o River Plate (Argentina), por 2 a 0, em São Paulo – a vitória por 3 a 0 na ida, em Buenos Aires, foi determinante para a classificação dos paulistas. O Peixe também só tem uma derrota, além de três empates e oito vitórias, sendo a mais recente por 3 a 0 sobre o Boca Juniors (Argentina), em Santos (SP), no segundo duelo entre as equipes, na outra semifinal.

Independente do campeão, uma coisa é certa: pela primeira vez, o “Maraca” será palco da conquista da América por um time brasileiro. A primeira (e até então única) vez que uma equipe do país teve a possibilidade de celebrar o mais importante título sul-americano no estádio foi em 2008, quando Fluminense e LDU de Quito (Equador) fizeram a final, com vitória equatoriana nos pênaltis, após os cariocas terem ganhado no tempo normal por 3 a 1 – na partida de ida, em Quito, havia dado LDU por 4 a 2.

Além de se garantir na edição de 2021 da Libertadores, o campeão será o representante da América do Sul no Mundial de Clubes, que será realizado entre 4 e 11 de fevereiro no Catar. Palmeiras ou Santos entrarão direto na semifinal do torneio, tendo pela frente o vencedor entre Tigres (México) ou Ulsan Hyundai (Coreia do Sul) no próximo dia 7, no Education City Stadium, em Doha (Catar), às 15h.

Mistério pré-jogo

Sobre os times que irão à campo neste sábado, mistério total, de ambos os lados. Na sexta-feira (29), em entrevista coletiva promovida pelos organizadores da Libertadores, o técnico palmeirense Abel Ferreira deixou no ar uma dúvida no ataque (William Bigode ou Rony) e outra no meio-campo, sobre a escalação de Felipe Melo. O volante se recuperou de uma lesão no tornozelo esquerdo, mas só participou de dois jogos desde que voltou da fratura.

“Tenho sido honesto com a comunicação que tenho feito com vocês desde que cheguei aqui. O Felipe é o mais titular do Palmeiras, com uma experiência muito grande, uma vibração enorme, ajuda dentro e fora de campo. Ele pode ajudar, se vai ser de início ou entrando, cabe a mim decidir. Ele é um colecionador de títulos. Faremos de tudo para acrescentar mais um aos que já possui”, disse o treinador do Verdão.

Do lado santista, o técnico Cuca também evitou confirmar o time que iniciará a partida. A principal dúvida se a escalação terá o volante Sandry ou o atacante Lucas Braga.

“Tivemos fora o [Yeferson] Soteldo nas duas partidas contra o Grêmio [pelas quartas de final]. Nas duas eu joguei com Sandry e Lucas Braga. Então podemos incluir o Soteldo também [entre as dúvidas]. Você pode mudar a forma de jogar, mas não a maneira com que o time joga. Forma é uma coisa, o sistema tático. Mas mesmo mudando as peças, teremos nosso jeito”, comentou Cuca, também em entrevista coletiva, mencionando a possibilidade de não iniciar com o camisa 10 venezuelano.

Caso não tenha surpresas, o Palmeiras deve atuar com Weverton, Marcos Rocha, Luan, Gustavo Gómez e Matías Viña; Danilo, Zé Rafael, Gabriel Menino e Raphael Veiga; Rony e Luiz Adriano. O Santos, por sua vez, pode ir a campo com: John, Pará, Lucas Veríssimo, Luan Peres e Felipe Jonatan; Alison, Diego Pituca e Yeferson Soteldo; Marinho, Kaio Jorge e Lucas Braga.