Cotidiano

MAM São Paulo projeta obras em Heliópolis e Cidade Tiradentes

Obras de artistas negros como Antônio Obá, Mariana de Matos, Mestre de Didi e Rosana Paulino serão projetadas em escala monumental na fachada do Instituto Baccarelli, no bairro Cidade Nova Heliópolis, a maior favela da capital paulista (zona sul),e no Centro Cultural Arte em Construção, no bairro Cidade Tiradentes, zona leste.

A ação tem recorte baseado na Consciência Negra e faz parte do MAM na Cidade, projeto do Museu de Arte Moderna de São Paulo, que visa a expandir suas fronteiras além do Parque Ibirapuera e atingir públicos diversos. Esta segunda edição acontece nesta sexta-feira (20), Dia da Consciência Negra, e no dia 27 de novembro. A iniciativa é fruto de parceria entre o MAM, a agência Africa, a plataforma Projeto Afro e os projetos Inspirar-te e Ali – Arte Livre Itinerante.

O curador do museu, Cauê Alves, explica que entre os objetivos do projeto MAM na Cidade está a vontade do museu de se aproximar da vida e do cotidiano das pessoas. “Mais do que uma exposição de projeções monumentais, trata-se de um convite para que o cidadão se aproxime do acervo do MAM, conheça o trabalho de artistas fundamentais para a nossa história, além de poder participar dos inúmeros programas e atividades educativas que realizamos. É a postura de um museu que se abre para toda a cidade, um esforço de irmos além do Parque Ibirapuera e chegarmos a locais em que tradicionalmente os museus não estão presentes”.

A projeção está sendo realizada pelos VJs Mozart Santos e Felipe Spencer, criadores do Projetemos. Eles desenvolveram a técnica de  “Vídeos Volantes”, que é um automóvel equipado com aparelhagem para criar um paredão de vídeo. “O veículo é estacionado no local e, literalmente, abrimos a porta e projetamos. A aparelhagem utilizada é um projetor, um minigerador e computador”, explicou Mozart.

Esta etapa do MAM na Cidade tem curadoria de Deri Andrade, pesquisador e jornalista alagoano radicado em São Paulo que integra a equipe de comunicação do Museu e é também fundador do Projeto Afro, uma plataforma de mapeamento e difusão de artistas afrodescendentes. Seu projeto curatorial foi pensado a partir da realização da mostra histórica A Mão Afro-brasileira, exibida em 1988 no MAM São Paulo com curadoria de Emanoel Araújo.

“O Museu de Arte Moderna de São Paulo possui um dos mais importantes acervos de arte moderna e contemporânea do país. Realizar um recorte como este, com obras de artistas negros e negras de diversas narrativas e contextos, que extrapola os espaços físicos do MAM, é uma forma de levar essa produção artística para o conhecimento de mais pessoas e também apresentar a diversidade da arte de autoria negra presente no acervo do Museu”, afirma Deri Andrade.

Ao todo, serão projetadas sete obras do acervo do MAM São Paulo, além de um dos cartazes de A Mão Afro-Brasileira e um trabalho em vídeo de Mariana de Matos, que integrou a 36ª edição do Panorama da Arte Brasileira: Sertão no MAM.

Na estreia hoje, a projeção em Heliópolis será das 19h às 20h, acompanhada por uma apresentação musical ao ar livre de quinteto de alunos da Orquestra Sinfônica Heliópolis, do Instituto Baccarelli. A realização do evento segue as orientações dos órgãos de saúde pública, com medidas de distanciamento e uso de máscara facial para evitar o contágio ou disseminação da covid-19.

Para aproximar ainda mais as obras das comunidades Heliópolis e Cidade Tiradentes, o Inspirar-te produziu, em colaboração com o MAM, um vídeo educativo de Experiências Poéticas que propõe reflexões acerca das obras e seus contextos. Assim, o Inspirar-te, uma associação sem fins lucrativos, possibilita outras formas de mediação cultural para jovens, crianças e público interessados em debater, conhecer e aprender mais sobre arte. O vídeo será lançado na semana de realização do projeto nas redes sociais do museu, no perfil do @projetoinspirarte e dos outros parceiros da iniciativa.

Ao longo de novembro, o Educativo do MAM São Paulo também traz ao público atividades online e presenciais, pensadas a partir do protagonismo negro de artistas, curadores, educadores e pesquisadores. A programação, que inclui diversas experiências de saberes pedagógicos e artísticos para todas as idades, pode ser conferida no site do museu.