Professores de escolas públicas municipais do Rio de Janeiro decidiram hoje (10), em assembleia virtual, permanecer em greve para impedir o retorno às aulas presenciais. Os docentes irão manter o ensino à distância. A prefeitura pretende retomar as aulas presenciais, a partir do dia 17, de forma voluntária, para estudantes do 9º ano e anos finais do Programa de Ensino de Jovens e Adultos.
Os professores estão em greve desde julho, quando decidiram não retornar às atividades presenciais enquanto a pandemia do novo coronavírus não estiver controlada. De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), professores e funcionários temem que o retorno possa aumentar os índices de contágio, colocando em risco não apenas esses profissionais, mas estudantes e familiares.
“Nós trabalhamos em duas, três escolas. Nossos alunos nem sempre moram perto da unidade escolar. Mesmo fazendo rodízio, vamos ter ampliação do deslocamento de estudantes, de famílias de professores e funcionários”, diz a coordenadora geral do Sepe, Izabel Costa.
Izabel argumenta que as escolas não têm estruturas adequadas para o retorno. “E mesmo que tivessem chegado aos índices aceitáveis [de contaminação por covid-19 na cidade do Rio], as escolas municipais não estão estruturadas para atender a todos os protocolos sanitários, não é só álcool em gel e sabão. Tem escolas que não foram reestruturadas, que estão com as janelas fechadas, banheiros interditados”, afirma.
Aulas presenciais
No último dia 3, a cidade do Rio entrou no chamado período conservador do Plano de Retomada das Atividades Econômicas. Apesar de liberar todas as atividades econômicas no município, a prefeitura alerta que ainda precisam ser mantidos os protocolos sanitários e as regras de ouro, como o uso de álcool em gel e de máscaras.
Segundo a Vigilância Sanitária, as pessoas que tenham comorbidades, sensíveis ainda ao agravamento da covid-19, devem se preservar e evitar deslocamentos fora de casa.
Nessa fase, a prefeitura permitiu a abertura de todas as séries das escolas privadas, das creches particulares e também as conveniadas. Nas escolas da rede municipal, a abertura é voluntária, como já tinha ocorrido com as da rede privada e, inicialmente, para o 9º ano. É preciso haver reuniões de entendimento entre os diretores, professores e representantes dos conselhos de pais para ver se a escola preenche os requisitos mínimos para a volta do funcionamento.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação diz que segue as orientações do Poder Executivo, do Comitê Científico Municipal e tem como prioridades “o atendimento ao aluno, a continuidade do processo de aprendizagem, as solicitações de pais e responsáveis pelos estudantes da Rede Municipal de Ensino, os cuidados sanitários exigidos pela pandemia”.
Além disso, diz que serão seguidos os protocolos da Vigilância Sanitária que vão garantir a proteção da comunidade escolar. “Estão sendo tomadas todas as providências necessárias como divisão da turma em duas, espaçamento entre as carteiras, disponibilização de máscara, álcool em gel e demais indicações da Vigilância Sanitária”.
*Colaborou Vladimir Platonow