Depois de dois anos treinando no Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo, o nadador Matheus Rheine voltou a trabalhar e residir em Santa Catarina. A mudança ocorreu no início da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
O medalhista de bronze na prova dos 400 metros estilo livre da classe S11 (atletas cegos) nos Jogos Paralímpicos de 2016 (Rio de Janeiro) treina novamente em sua cidade natal, Brusque, agora sob o comando do técnico Matheus Diegoli: “Doeu muito tomar essa decisão de deixar o CT Paralímpico. Não só pelo carinho que tenho pelos profissionais. Aprendi demais com todos eles e só tenho a agradecê-los”.
Além disso, o nadador afirma que proximidade com a família foi outro fator decisivo para a mudança: “É importante estar mais perto da minha esposa e da minha sogra. Ela tem 85 anos e também estava precisando demais do nosso auxílio. Para o meu [aspecto] mental fez muito bem voltar. Família pesa muito”.
Na parte técnica, Rheine diz que nos primeiros meses de pandemia ainda recebia orientações do técnico da seleção brasileira Felipe Silva: “Seguindo essa coordenação, fazia a parte do trabalho na água com o Matheus Diegoli aqui em Brusque”. Até que, em agosto, veio a oficialização da mudança do técnico. “Depois de várias conversas, o Diegoli e eu achamos que era o melhor a fazer. Já faz bastante tempo que não temos competições, e queremos aproveitar esse tempo para aperfeiçoar o nado”, diz.
Jogos de Tóquio
E o grande objetivo de Rheine são os jogos de Tóquio. Para isto, ele voltou a trabalhar na água, ainda em maio, em uma piscina de 25 metros, ao invés das piscinas de 50 metros usadas em competições oficiais. “Sinto que isso não afeta em nada. Esse local já me trouxe resultados bons no passado. Na época da preparação para os Jogos do Rio, treinava aqui e consegui o bronze nos 400 metros”.
Nessa temporada, Rheine ainda não participou de nenhuma competição oficial. Teve apenas uma tomada de tempo, na qual o maior destaque foram os 27s50 nos 50 metros: “Comecei a tomar um gosto por nadar bem essa prova. Mas sei que o treino é bem diferente entre os 50 metros e os 400 metros”.
Mas são nos 400 metros que o catarinense conseguiu a medalha de bronze no Rio de Janeiro, além do bicampeonato no Parapan. Agora, ele aguarda a definição oficial do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) sobre os índices e o sistema classificatório para Tóquio, mas com foco nos 400 metros: “Estou conseguindo manter o ritmo com intensidade cardíaca um pouco mais baixa, frequência mais controlada. Antes nadava muito desesperado. Não conseguia administrar muito a prova. Chegava nos 250 metros e o corpo começava a pagar o preço do desgaste. Agora, detalhe a detalhe, estou ganhando mais confiança. Acho que pode fazer a diferença lá na frente”.