Cotidiano

Vencedora de licitação do autódromo do Rio abre mão de prédios

A Rio Motorpark, empresa que venceu a licitação para a construção e operação do Autódromo Internacional do Rio de Janeiro, desistiu de construir prédios no local. A informação foi divulgada pela assessoria do grupo, nesta sexta-feira (21).

Segundo o comunicado, a Rio Motorpark entregou à Secretaria de Estado do Ambiente uma carta de compromisso informando que declina do desenvolvimento de qualquer empreendimento imobiliário na área referente à contrapartida apresentada no edital de concorrência.

“Com isso, cerca de 810 mil m2 do terreno – o equivalente a 75 campos de futebol – serão inteiramente utilizados em favor da adoção de práticas conservacionistas e preservacionistas em prol do patrimônio natural.”

Na carta de compromisso, a Rio Motorpark sugere que esse espaço seja reservado para desenvolvimento de projetos ambientais como de manutenção do patrimônio biótico, Centro de Estudos em Interpretação Ambiental, implantação de um Centro de Recuperação de Animais Silvestres, implantação de uma Área de Soltura de Animais Silvestres, horto florestal e arboreto. A empresa propõe, ainda, que tais medidas sejam incluídas como condicionantes da licença a ser expedida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

Meio ambiente

O ambientalista Beto Mesquita, da organização SOS Floresta do Camboatá, considerou que a proposta feita pela Rio Motorpark não traz mudanças substanciais ao projeto apresentado. Segundo ele, o autódromo coloca em risco diversas espécies ameaçadas em uma das últimas áreas verdes da região.

“Essa manifestação da Rio Motorpark não muda em absolutamente nada, nem o empreendimento nem o projeto em si. O impacto, do ponto de vista ambiental e social para o entorno, não melhorou em nada. O autódromo, com o seu enorme impacto sobre a floresta, é inaceitável. Não existe nenhum tipo de mitigação ou compensação nessa manifestação da empresa. Parece mais uma tentativa de marketing, de tentar esverdear esse autódromo, que vai desmatar uma área de Mata Atlântica nativa, habitat de espécies ameaçadas de extinção”, disse Beto Mesquita.

Há uma batalha jurídica sobre a construção do autódromo e ainda não há uma definição sobre o seu futuro. Outras áreas na cidade poderiam abrigar a pista, com menor impacto ambiental. O Rio possuía um autódromo, em Jacarepaguá, que foi destruído para a construção das arenas olímpicas, hoje ociosas.