As explosões na área portuária de Beirute deixaram “mais de 100 mortos e quatro mil feridos”, informou a Cruz Vermelha do Líbano em um comunicado oficial na madrugada desta quarta-feira (05). “As nossas equipes continuam empenhadas na operação de busca e salvamento nas zonas próximas”, diz ainda a nota sem precisar a quantidade de desaparecidos. No entanto, a mídia do país cita que são ao menos 100 pessoas que não entraram em contato com os familiares e amigos desde o incidente ocorrido nesta terça-feira (04).
Os hospitais da capital, que estavam lotados por conta dos pacientes que contraíram o novo coronavírus (Sars-CoV-2), estão além do limite da capacidade, com relatos de inúmeros feridos sendo atendidos nas áreas externas dos centros hospitalares.
Além das perdas humanas, o governador de Beirute, Marwan Abboud, informou que mais de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após as explosões por conta de danos que tornaram suas residências inabitáveis em cerca de metade da capital libanesa.
Abboud estimou ainda um prejuízo econômico de, no mínimo, US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15,8 bilhões), o que deve afetar ainda mais não são a cidade, mas o país inteiro que atravessa uma gravíssima crise econômica.
A situação é tão grave que o ministro da Saúde, Hamad Hasan, fez um apelo para quem tiver condições deixar Beirute já que, além dos danos materiais, há o risco das substâncias químicas que ainda estão no ar serem perigosas para a saúde a longo prazo.
Até o momento, o que se sabe sobre o incidente, é que ele ocorreu em um galpão que armazenava há seis anos cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônia, que haviam sido apreendidos em uma operação e não foram devidamente isolados. No entanto, nenhuma hipótese está sendo descartada – desde acidente até um atentado terrorista. As investigações estão em andamento.
Conforme dados do USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos), as explosões foram tão intensas que foram equivalentes a um terremoto de 3,3 graus de magnitude.
Ajuda
Desde esta terça-feira, inúmeros governos e organizações internacionais se colocaram à disposição para ajudar o governo libanês tanto nas investigações como financeiramente para a reconstrução.
“A União Europeia está pronta para fornecer assistência e apoio. Sejam fortes”, escreveu no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Também o alto representante europeu para a Política Externa, Josep Borrell, exprimiu “plena solidariedade e apoio total às famílias das vítimas, ao povo e às autoridades libanesas”.
Na noite desta terça, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também afirmou que seu governo irá ajudar o Líbano neste momento. Durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, o republicano disse que “as explosões são muito semelhantes a um terrível atentado”. No entanto, Trump não deu detalhes do que o faz crer que tenha sido um ataque.
Também a chanceler alemã, Angela Merkel, ofereceu ao Líbano “todo o seu apoio”. “Os nossos pensamentos são por aqueles que perderem seus companheiros. Aos feridos, desejamos rápida recuperação”, disse o porta-voz do governo, Ulrike Demmer, em nome de Merkel.
A Turquia informou que está pronta a enviar ao Líbano “qualquer ajuda que esteja apta a fornecer” depois das trágicas explosões. “Todas as nossas agências governamentais estão prontas para intervir”, destacou ainda a presidência turca.
O presidente da Itália, Sergio Mattarella, publicou uma mensagem oficial dizendo ter visto “com profunda tristeza a notícia das explosões”. “Desejo as mais sinceras condolências. Nessa dolorosa circunstância, nos volvemos com afeto ao amigo povo libanês. O nosso pensamento estão com as numerosas vítimas da tragédia e às suas famílias”, escreveu o mandatário.
O papa Francisco também fez uma oração especial pelas vítimas durante as orações desta quarta-feira no Vaticano. “Rezemos pelas vítimas e por seus familiares e rezemos pelo Líbano para que com o compromisso de todos os seus componentes sociais , políticos e religiosos possam enfrentar esse momento tão trágico e doloroso”, disse o líder católico.