Cotidiano

Plataforma faz monitoramento remoto de pacientes com covid-19

Pesquisadores desenvolveram, em São Caetano do Sul, na região do ABC Paulista, uma plataforma para acompanhar remotamente pacientes com covid-19. O sistema é uma adaptação da atenção básica oferecida pelo Programa Saúde da Família. Além de aproveitar um trabalho já estabelecido, a população da cidade, que tem 161 mil habitantes, foi incentivada a notificar os sintomas da doença por meio da plataforma.

A partir de mais de 2 mil casos suspeitos, o programa Corona São Caetano identificou 444 pessoas (28%) infectadas com o novo coronavírus, causador da covid-19. Entre os pacientes que tiveram resultado negativo em testes para a doença, os exames sorológicos indicaram que 8,6% já haviam tido contato com o vírus.

A plataforma foi desenvolvida em uma parceria entre a prefeitura de São Caetano do Sul, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul e o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).

Acompanhamento

As pessoas que tiveram resultado positivo nos exames PCR foram, então, acompanhadas por estudantes de medicina pelos 14 dias seguintes. A equipe faz contatos telefônicos a cada 48 horas para avaliar a evolução dos sintomas. A taxa das pessoas doentes acompanhadas pelo projeto que precisaram de hospitalização ficou em 6,8% e a de mortes, em 0,7%.

O programa continua em funcionamento, e os dados iniciais, relativos ao período de 13 de abril a 13 de maio, foram publicados em um artigo na plataforma MedRxiv.

Projeto modelo

Os pesquisadores destacam que a experiência de São Caetano pode ser replicada em outras partes do país. “O sistema brasileiro de saúde pública é subfinanciado, mesmo assim, a infraestrutura da atenção primária está bem estabelecida em muitas áreas do país, o que pode permitir o desenvolvimento de estruturas similares a baixo custo”, diz o artigo.

De acordo com o artigo, o acompanhamento traz ainda a possibilidade de observar o desenvolvimento da doença na população fora do ambiente hospitalar.  “Os estudos epidemiológicos e clínicos têm sido realizados em ambiente hospitalar e, assim, tendem a incluir casos mais severos, que não podem ser extrapolados para a população em geral”, acrescenta o trabalho.