Uma das maiores esperanças brasileiras de medalha nos Jogos de Tóquio (Japão) está no boxe. É a baiana Beatriz Ferreia, radicada em Minas Gerais. Antes de o novo coronavírus (covid-19) impactar o mundo, a pugilista Bia Ferreira, como é mais conhecida, vinha numa excelente fase. Ao longo do segundo semestre do ano passado, ela colecionou conquistas importantes: faturou a medalha de ouro no Pan de Lima (Peru), foi prata nos Jogos Mundiais Mitares. em Wuhan (China), ouro no Mundial de Boxe da Rússia, e foi eleita a melhor atleta do ano de 2019 pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Após a paralisação por conta da pandemia de covid-19, a atleta baiana, de 27 anos, precisou mudar os planos para manter o ritmo. Retornou para a casa da família, em Juiz de Fora (MG). “Tínhamos voltado de um período de treinamentos na Colômbia. E a intensidade estava bem alta. Era fase de ajuste final para o Pré-Olímpico [inicialmente marcado para o dia 26 de março, em Buenos Aires, e adiado para o ano que vem]. Depois que entendi melhor o que era essa pandemia, ficou bem claro que o melhor foi mesmo voltar para casa. Dá para ficar um pouco mais tranquila, com os familiares e mais protegida”, revelou a pugilista em entrevista à Agência Brasil.
Desde 2016 morando em São Paulo (SP), Bia Ferreira vinha treinando no Centro de Treinamento da capital, junto com a seleção nacional de boxe. Após o fechamento do espaço por conta da pandemia, a casa da família em Juiz de Fora (MG) tornou-se o espaço ideal para a pugilista se manter em atividade.
“Sempre tive bastante material de boxe. Corda, luva, manopla. E uma empresa de material esportivo me ajudou enviando sacos de pancada. A parte mais difícil é a musculação, às vezes pegamos um bujão de gás vazio, vamos adaptando. Mas na parte técnica o grande negócio é ter um treinador para puxar o ritmo”, detalha a boxeadora da categoria até 60 quilos.
E quem vem desempenhando a função é o responsável por despertar em Bia a paixão pelo boxe. O pai, Raimundo Ferreira, também conhecido como Sergipe. “Não dá para deixar cair. Ela vinha muito bem. O foco continua. Ela vai voltar à seleção, no mínimo, a 90%. Não pode ser menos que isso. Eu cobro. Sou nojento. Sou chato. Não tem para onde correr. Mas hoje ela é muito consciente. Nosso foco é vencer. A medalha olímpica é o sonho dela e de toda a família”, afirma o treinador coruja.
“Meu pai é a minha grande inspiração. Depois que eu fui para a seleção, a gente tem poucas chances de trabalhar junto. Mas é bem bom. São gerações diferentes, uma passando experiência para a outra. Temos uma conexão diferenciada. Mas não tem essa de aliviar não. Quando tem que bater, a gente bate. Mas é claro que tudo dentro do respeito e da segurança do esporte, bem profissional”, complementa a atleta.
O boxe foi uma das modalidades mais impactadas pela pandemia da covid-19. O Pré-Olímpico Europeu, por exemplo, teve que ser cancelado durante a realização em Londres. Já o classificatório americano, de Buenos Aires, adiado para 2021, permanece com data indefinida. Com isso, a brasileira ainda não sabe os passos que terá de trilhar para chegar à medalha em Tóquio.
“É uma regra nova. A Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba) e o Comitê Olímpico Internacional (COI) se desvincularam. Por isso, a Olimpíada, organizada pelo COI, não reconhece os resultados do Mundial. Mas já lutei contra quase todas as adversárias. Venho de uma preparação intensa. Tenho muita confiança que vou carimbar logo o passaporte para Tóquio e trazer uma medalha para toda a torcida brasileira”, conclui, cheia de entusiasmo.