Está em andamento, em Canoas e Cachoeirinha, a criação de um corredor ecológico, entre os arroios Brigadeira e Sapucaia. Há um ano, o Consórcio Pró-Sinos trabalha no projeto que tem como objetivo preservar uma faixa de vegetação para ligar unidades de conservação separadas pela atividade humana nos municípios envolvidos. A iniciativa possibilitará o deslocamento de fauna e a dispersão de sementes da flora entre as áreas isoladas e, consequentemente, a troca genética entre espécies.
Trata-se do primeiro estudo dessa natureza realizado pelo Pró-Sinos. O convite foi feito pelo Núcleo de Resolução de Conflitos Ambientais (NUCAM) do Ministério Público. Formado por técnicos das duas cidades e do Pró-Sinos, um grupo de trabalho já definiu a poligonal dos limites da área pretendida e elaborou o respectivo mapa. Foram feitas consultas aos cadastros municipais para levantar os imóveis atingidos, além de elaborado termo de referência detalhado para orientar o desenvolvimento dos estudos de caracterização ambiental na região do corredor.
De acordo com o diretor técnico do Pró-Sinos, Hener de Souza Nunes Junior, essa é uma das principais estratégias utilizadas para a conservação da biodiversidade em determinado ecossistema. Posteriormente, o primeiro estudo será complementado por serviços contratados para a realização dos levantamentos de campo, identificando as propriedades e definindo as interferências. E, a partir disso, será elaborada a documentação para a regularização fundiária dos imóveis envolvidos.
“É uma variante, em menor escala, da ideia inicial dos corredores ecológicos que envolviam grandes regiões. Tem o mérito de alcançar e consolidar a preservação de remanescentes do ambiente natural dentro das cidades através de um instrumento adicional”, destaca Hener.
Zona de Interesse Ambiental
Em maio, os resultados dos estudos da etapa preliminar foram apresentados ao promotor de Justiça Felipe Teixeira Neto, coordenador do NUCAM. Também foi proposto um estudo da viabilidade para o encaminhamento de projetos de lei aos respectivos legislativos municipais com o objetivo de alterar a Lei do Plano Diretor das cidades, tornando a área do corredor ecológico Zona de Interesse Ambiental.
“A criação do corredor ecológico dos arroios Brigadeira-Sapucaia permitirá a ligação da área rural dos municípios de Cachoeirinha e Gravataí com o Rio Gravataí e chegará até as proximidades do Rio dos Sinos”, finaliza Hener.
Os corredores ecológicos
Os corredores ecológicos são áreas definidas por ações coordenadas, com o objetivo de proteger a diversidade biológica na escala de biomas. Essas ações envolvem o fortalecimento, a expansão e a conexão de áreas protegidas dentro do corredor, fomentando usos de baixo impacto e criando incentivos para envolver os diferentes setores da produção e da conservação. Assim, podem agrupar diversos tipos de áreas protegidas, legalmente instituídas ou não (Unidades de Conservação, inclusive as de Uso Sustentável, Áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais).
Atualmente, estão estabelecidos formalmente pelo Ministério do Meio Ambiente os seguintes corredores no Brasil: Corredor Capivara-Confusões, Corredor Caatinga, Corredor Ecológico Santa Maria (federais), Corredor Ecológico Chapecó Decreto, Corredor Ecológico Timbó, Corredor Ecológico da Quarta Colônia (estaduais) e Reservas da Biosfera Brasileiras (internacional).