A partir de simulações feitas com programas específicos de computador um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) encontrou uma possibilidade de edição gênica para combater o novo coronavírus. A proposta é induzir a mutação do gene que codifica a proteína ACE2 que atua como receptor do vírus nas células.
Segundo o artigo publicado na plataforma Preprints, ainda sem revisão pela comunidade científica, como a proteína também tem um papel importante na regulação da pressão arterial, não é possível simplesmente usar uma droga que reduza a expressão da ACE2. Por isso, os pesquisadores simularam mutações específicas no gene responsável pela codificação da proteína para apenas interferir na interação com o vírus e a célula, reduzindo a capacidade de infecção.
Para conseguir esse efeito, as simulações usaram o sistema CRISPR/Cas9, que vem sendo utilizado por cientistas em diversas partes do mundo nos últimos anos. Com ele, é possível induzir as alterações precisas no material genético das células dos organismos vivos. A técnica usa a capacidade das células de guardar material genético de vírus. Assim, os cientistas usam vírus benignos previamente modificados para levar as informações de interesse para o material genético das células, induzindo as alterações desejadas.
Nesse caso, a proteína seria modificada somente em relação a aderência do novo coronavírus, mantendo as características necessárias para o bom funcionamento do organismo.
A partir dos resultados conseguidos nas simulações por computador, o grupo pretende se associar a pesquisadores de virologia para conduzir experimentos em laboratório.
O trabalho foi assinado por 15 pesquisadores das faculdades de Medicina e de Odontologia do campus da USP em Ribeirão Preto (interior paulista). O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.