A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos alertam para o risco de faltar gás de cozinha no mercado brasileiro, assim como de uma escalada de preços do produto. O GLP é produzido na mesma corrente de refino que a gasolina, cuja produção vem sendo reduzida pela Petrobras devido à queda da demanda provocada pelas medidas de isolamento social na pandemia da Covid-19. Assim, o Brasil fica mais dependente da importação do gás de cozinha, e portanto sujeito à oferta e às flutuações do preço do produto no mercado internacional, assim como à cotação do dólar.
Soma-se a isso a estratégia da atual gestão da empresa de vender ativos como a BR Distribuidora, distribuidora de combustíveis, e a Liquigás, de gás de cozinha, que davam à Petrobrás posição de liderança no mercado de derivados e a possibilidade de beneficiar o consumidor. Dados do monitoramento da cadeia de fornecimento e distribuição de gás de cozinha feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) mostram que, na primeira quinzena de abril, apenas oito dos 26 estados do país e o Distrito Federal registraram vendas estáveis ou queda, segundo as distribuidoras de GLP. Os demais tiveram aumentos entre 10% e 30% das vendas de gás de cozinha.
O crescimento da procura pelo gás de cozinha já vem provocando desabastecimentos pontuais e aumento dos preços. A gestão da Petrobras anunciou que aumentou a importação do produto para suprir a demanda crescente, mas continua reduzindo a carga de suas refinarias. Entretanto, com estoques elevados de gasolina, a tendência da empresa é diminuir ainda mais a produção de GLP, ficando sob influência do mercado internacional e da cotação do dólar.
A preocupação em relação ao GLP aumentou nessa sexta-feira (17), com o conflito entre o setor de etanol e a Petrobras. Durante teleconferência, a diretoria da petroleira sinalizou que poderia haver problemas de abastecimento de gás de cozinha se o governo atendesse à reivindicação do setor de etanol de aumentar o valor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre a gasolina.