O governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje (27) o repasse de R$ 50 milhões, fundo a fundo, para a capital paulista. O dinheiro é destinado a financiar os hospitais de campanha, que atendem os casos de baixa e média complexidade no tratamento da covid-19. O depósito, segundo ele, será feito na próxima segunda-feira (30). O governador anunciou também o repasse de R$ 40 milhões para 565 municípios de São Paulo com menos de 100 mil habitantes. “Todos os valores deverão ser destinado para custeio, compra de insumos e a montagem e operação de hospitais de campanha [para coronavírus]”, disse o governador em evento de inauguração do hospital de campanha instalado no estádio do Pacaembu.
Doria acrescentou que liberou, junto com o Ministério da Infraestrutura, os postos de pesagem nas rodovias de São Paulo para serem utilizados para apoio e descanso de caminhoneiros. “A partir de hoje, todos os espaços dos postos de pesagem das rodovias de São Paulo estão disponibilizados para os caminhoneiros. A medida vale até o dia 30 de junho. Liberamos também o acesso de caminhões aos domingos à tarde, na chegada à São Paulo. Até ontem isso era restrito devido ao grande fluxo de veículos que retornavam à capital nos finais de semana. Essa medida também será válida até o dia 30 de junho.”
Outra medida anunciada pelo governador hoje foi a criação de um canal de denúncias para os caminhoneiros, onde eles poderão falar sobre o fechamento de serviços essenciais nas estradas ou qualquer tipo de bloqueio de rodovias. O serviço vai funcionar 24 horas por dia e as denúncias poderão ser feitas pelo telefone 0800-055 5510 ou pelo e-mail [email protected].
Leitos
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou nesta sexta-feira que a capital terá 2,1 mil leitos em postos de campanha e outros 725 novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva para o tratamento de coronavírus.
Segundo o secretário municipal de Sãude de São Paulo, Edson Aparecido, os hospitais de campanha na cidade, entre eles, o que foi instalado no Pacaembu, não serão de livre acesso. As pessoas só chegarão ali por encaminhamento. Ele informou que, nos hospitais de campanha, haverá também leitos de estabilização para os pacientes que tiverem suas condições agravadas. Esses pacientes serão depois levados para as UTIs dos hospitais. “O município está gastando R$ 35 milhões na infraestrutura dos hospitais de campanha e mais R$ 15 milhões para o custeio em quatro meses”, disse o secretário.
De acordo com o secretário, a prefeitura espera, a partir da semana que vem, ampliar o número de testes para detecção de coronavírus, passando a fazer cerca de 600 por dia, que serão feitos em profissionais de saúde, pacientes internados na rede hospitalar e pacientes que apresentem sintomas na atenção básica.
Isolamento
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e integrante do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, a medida de isolamento social estabelecida em São Paulo tem sido efetiva. “Antes das medidas de contenção [em São Paulo], a transmissibilidade do coronavírus era de uma pessoa infectada transmitindo para cinco [pessoas]. No dia 16 de março, as medidas começaram a ser anunciadas e implementadas. No dia 20, essa transmissibilidade já tinha se reduzido de um indivíduo infectado para três [pessoas]. No dia 25, já era de um para dois e meio. Estamos observando uma queda que resulta do afastamento social. Se continuarmos nesse processo, essa curva vai se estabilizar e vamos atravessar esse período mais crítico”, disse ele, durante entrevista concedida no meio da tarde de hoje.
Para o prefeito, Bruno Covas, o isolamento é uma ação humanitária. “Estamos fazendo aqui o que a Organização Mundial da Saúde recomenda, que é o isolamento, a recomendação para que as pessoas fiquem dentro de casa. A proteção à vida não é recomendação de esquerda, de direita ou de centro. É uma ação humanitária”, disse Bruno Covas, prefeito de São Paulo. “Estamos na terceira fase da pandemia. Passamos pela prevenção, pela ações de isolamento e agora estamos nos preocupamos com a terceira fase, que é a de explosão de casos e pela quantidade de pessoas que vão precisar de leitos. Embora vejamos muitos políticos preocupados com o artigo da CLT que trata de responsabilização, nossa preocupação aqui é com o artigo 121 do Código Penal e não ser responsabilizado por nenhum homicídio.”