Cotidiano

Agência de classificação de risco retira selo de "bom pagador" do Brasil

A turbulência econômica que o Brasil vive em 2015 ocasionou mais um problema: a agência de classificação de risco Standard & Poor’s retirou hoje (9) a nota de crédito ao Brasil de BBB- para BB+, o que acaba retirando o selo de “bom pagador” do país. A agência colocou ainda a nota em perspectiva negativa, o que aponta grande possibilidade de novo rebaixamento.
Em comunicado, a S&P disse que os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam a crescer, pesando sobre a habilidade e capacidade do governo de submeter ao Congresso um orçamento para 2016 consistente com o ajuste sinalizado durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O governo disse, em agosto, que prevê um déficit fiscal em 2016 de R$ 30,5 bilhões, ou cerca de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
Em julho, a S&P manteve inalterada a nota brasileira, apesar de ter rebaixado a perspectiva para negativa. Entretanto, o perfil de crédito do Brasil enfraqueceu-se mais ainda desde 28 de julho. Segundo o comunicado, na ocasião, a agência sinalizou os riscos para a execução de mudanças políticas corretivas já em curso, principalmente decorrente da dinâmica no Congresso, em associação a efeitos colaterais das investigações de corrupção na Petrobras.
As notas das agências de classificação de risco são utilizadas por investidores na hora de comprar o papel de um governo ou empresa. Notas piores significam maiores riscos, e o custo dessas emissões fica mais alto. São os próprios emissores (empresas e governos) que pagam as agências para obterem essa avaliação.

Como a S&P atribui notas de crédito

AAA: rating mais alto atribuído pela S&P. Devedor tem capacidade extremamente forte para honrar seus compromissos financeiros
AA: capacidade muito forte para honrar compromissos
A: capacidade forte para honrar seus compromissos, mas é mais suscetível a efeitos adversos de mudanças na economia
BBB: capacidade adequada para honrar compromissos, mas condições econômicas adversas podem levar a um enfraquecimento na capacidade de pagamento
BB: primeiro grau de rating especulativo. Devedor é menos vulnerável no curto prazo do que os devedores com ratings mais baixos. No entanto, enfrenta grandes incertezas no momento e exposição a condições adversas poderiam levá-lo a uma capacidade inadequada para honrar compromissos
B: atualmente tem capacidade para honrar seus compromissos financeiros, mas condições adversas de negócios, financeiras ou econômicas provavelmente prejudicariam a capacidade e a disposição de pagamento
CCC: atualmente vulnerável e dependente de condições favoráveis para honrar seus compromissos financeiros
CC: devedor está atualmente altamente vulnerável. A avaliação CC é utilizada quando o default ainda não ocorreu, porém a S&P espera que seja praticamente certo
R: devedor avaliado como R está sob supervisão regulatória em decorrência de sua condição financeira
SD e D: devedor avaliado como SD (default seletivo) ou D está em default em uma ou mais de suas obrigações financeiras, incluindo obrigações financeiras avaliadas ou não. O rating ‘D’ também será usado quando a Standard & Poor’s acredita que o default será geral e que o devedor não conseguirá pagar todas, ou quase todas, as suas obrigações no vencimento
Os ratings de AA a CCC podem ser modificados pela adição de um sinal de mais (+) ou de menos (-) para mostrar a posição relativa dentro das principais categorias de rating