da redação, com BBC Brasil – O Ministério Público do Rio Grande do Sul e a Polícia Civil receberam diversas denúncias contra uma igreja que promete “imunização” contra o coronavírus em Porto Alegre. O caso pode ser enquadrado até como “charlatanismo” ou “curandeirismo”, segundo a promotoria. As informações são da BBC Brasil.
No domingo (1.mar), a igreja evangélica, que se denomina “Casa dos Milagres”, promoveu um culto chamado “O Poder de Deus contra o Coronavírus”. A convocação chamava para que as pessoas recebessem um “óleo consagrado no jejum” e que o item poderia “imunizar contra qualquer epidemia, vírus ou doença”.
Durante a reunião, realizada em um bairro da zona norte de Porto Alegre, o apóstolo comentou por diversas vezes sobre a doença. O culto foi transmitido ao vivo por redes sociais.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga o caso também por charlatanismo. Dois agentes chegaram a ser enviados ao templo evangélico, mas foram reconhecidos por seguranças do local. Há suspeita que fossem brigadianos atuando em atividade de vigilante. Diante disso, os agentes tiveram que deixar a reunião religiosa.
Em entrevista à BBC, a promotora Angela Rotunno, afirmou que o MP tem conhecimento do caso. “Diante da doença e da possibilidade de morte, é comum o ser humano se sentir desesperado e desamparado”, disse ela, que é a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos do órgão.
“Essa fragilidade emocional afasta a racionalidade e traz, como consequência, a facilidade em acreditar em qualquer promessa de proteção ou cura. É o que está acontecendo no momento. Pessoas inescrupulosas tentam obter vantagem desse desalento”, afirmou a promotora.
Conforme a delegada Laura Lopes, titular da 4ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre, um inquérito vai ser aberto sobre o caso. Frequentadores e pessoas ligadas à igreja, incluindo os responsáveis, devem ser chamados a depor. Por enquanto, o inquérito apenas quer esclarecer os fatos, sem indiciamentos. A partir das informações colhidas é que devem ser tomadas outras atitudes, como aprofundamento das investigações ou arquivamento do caso, por exemplo.
Os responsáveis pela igreja não se pronunciaram.
Saiba mais sobre o coronavírus
O que é?
É um novo vírus que tem causado doença respiratória pelo agente coronavírus. Recentemente foram registrados os primeiros casos na China. O novo coronavírus faz parte de uma grande família viral que ataca seres humanos e animais. Os primeiros tipos foram detectados na década de 1960.
As infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, porém, alguns coronavírus podem causar doenças graves como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), identificada em 2002 e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers), identificada em 2012.
Como é transmitido?
A transmissão do novo coronavírus pode ocorrer de pessoa para pessoa, de forma continuada. O contágio costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como saliva, espirro, tosse, catarro. Também pode ocorrer por contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão ou contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguidos de contato com a boca, nariz ou olhos.
O grau de transmissão do novo coronavírus é menor do que o vírus da gripe e por isso apresenta menor risco de circulação e disseminação. Pode ficar incubado por duas semanas, período em que aparecem os primeiros sintomas desde a infecção.
Como são os sintomas?
Os sinais e sintomas clínicos do novo coronavírus são semelhantes aos da gripe ou resfriado. Em casos mais graves, podem ser iguais à pneumonia, com infecção do trato respiratório inferior. Geralmente o paciente apresenta febre, tosse e dificuldade para respirar.
Como prevenir?
• evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
• realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente;
• utilizar lenço descartável para higiene nasal;
• cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
• evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
• higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
• não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
• manter os ambientes bem ventilados;
• evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
• evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.
Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).