A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) sobe ao palco pela primeira vez em 2020, ano que completa 70 anos de atividades ininterruptas. Para celebrar mais uma temporada de história, música e consolidação cultural, a orquestra apresenta um concerto histórico e revive a trajetória de Ludwig van Beethoven (1770-1827), que completa 250 anos em 2020. A apresentação acontece na Casa da Ospa, no dia 7 de março, sábado, às 17h, e tem regência do maestro e diretor artístico da sinfônica, Evandro Matté.
A Ospa apresenta duas grandes obras do compositor romântico alemão: ‘‘Abertura Egmont’’ e ‘‘Fantasia Coral’’. No repertório, também se destaca ‘‘Scheherazade”, do russo Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908), inspirada nos contos de ‘‘As mil e uma noites’’. Os solos ficam por conta do pianista Alexandre Dossin e dos coristas Elisa Machado, Larissa Ramos, Angela Diel, Eduardo Bighelini, Adolfo S. do Amaral e Ricardo Barpp , além da participação especial do Coro Sinfônico da Ospa.
Os ingressos estão disponíveis por valores entre R$ 15 e 40 através do site da Uhuu, na bilheteria do Teatro do Bourbon Country ou no local, no dia do concerto, das 14h às 17h, mediante disponibilidade. Mais informações pelo site www.ospa.org.br ou pelo telefone (51) 3222-7387.
Sobre o repertório
A orquestra abre a Temporada Artística 2020 com a obra “Scheherazade”, de Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908). O compositor dá vida aos contos populares da Ásia Ocidental com a protagonista de ‘‘As Mil e Uma Noites’’. Segmentada em quatro movimentos, a peça explora os diversos episódios da história desse clássico da literatura mundial. A suíte captura a essência folclórica, preservando a narrativa através de ritmos e melodias. A peça se insere no período após a dissolução do Grupo dos Cinco, quando o mecenas Mitrofan Belyayev passou a publicar obras de compositores de forma independente. Em 1886, o comerciante criou a série Concertos Sinfônicos Russos e permitiu que jovens músicos tivessem sinfonias executadas. Nela, Korsakov estreou algumas de suas obras mais conhecidas, como Capricho Espanhol (1887), A Grande Páscoa Russa (1888) e Scheherazade (1888).
Em ‘‘Abertura Egmont Op.84’’, Ludwig van Beethoven (1770-1827) reconstitui a dramaturgia de Johann Wolfgang von Goethe em sinfonia. A obra foi uma encomenda musical para a peça teatral do escritor, que integrava o movimento pré-romântico Sturm und Drang (Tempestade e Ímpeto). Assim como a leitura, a composição reflete a predominância das emoções em oposição às tendências racionalistas do Iluminismo do movimento Clássico anterior. A canção é carregada de uma aura sombria e aos poucos é ofuscada pela enérgica determinação do herói em notas musicais intensas, tendo um desfecho triunfante com o sacrifício do guerreiro pelo povo.
‘Fantasia Coral’’ reflete a transgressão de Ludwig van Beethoven (1770-1827) ao padrão Clássico anterior. Ao associar o piano solista à formação orquestral, a peça não se submete à estrutura tradicional do concerto, nem aos padrões da música vocal. A obra, associada ao movimento pré-romântico, emprega o poema de Friedrich Schiller, antecipando a verbalização de coro e solista, tendência adotada com ênfase apenas no século XIX por compositores como Mahler, Franck e Bruckner. Beethoven a estreou como solista em um concerto junto à Quinta e Sexta Sinfonia improvisando a seção. A peça também serviu de base para a construção estilística da renomada Nona Sinfonia.
Evandro Matté (regente)
É diretor artístico e maestro da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, da Orquestra de Câmara Theatro São Pedro e do Festival Internacional SESC de Música, sediado em Pelotas. Realizou sua formação musical na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na University of Georgia (Estados Unidos) e no Conservatoire de Bordeaux (França). Atraído pela regência, passou a atuar desde 2006. Desde então, esteve à frente de orquestras do Uruguai, Argentina, China, Portugal, República Checa, Croácia, Alemanha, Itália, Colômbia e Estados Unidos como convidado. Em 2019, foi condecorado pelo Ministério da Cultura da França pelo desenvolvimento das artes em seu domínio artístico.
Alexandre Dossin (piano – Brasil)
Pianista brasileiro radicado nos Estados Unidos, é reconhecido internacionalmente com as principais conquistas no instrumento. Obteve o primeiro prêmio no ‘‘Concurso Internacional de Piano Martha Argerich’’, em Buenos Aires, o “Grand Prix Maria Callas”, na Grécia, e o “Mozart International Piano Competition”, em Salzburg. É diplomado pelo Conservatório Tchaikovsky de Moscou e Doutor em Piano pela Universidade do Texas. Sua discografia inclui 20 CDs com obras de Liszt, Prokofiev, Kabalevsky, Krieger e Bernstein, entre outros. Também é editor da Schirmer, com várias publicações de Tchaikovsky, Liszt, Rachmaninov e Prokofiev. Em 2015 foi eleito Vice-Presidente da American Liszt Society e em 2016 nomeado “International Steinway Artist,” quando seu nome foi incluído em uma lista seleta de pianistas internacionais honrados com o título. Atualmente é professor titular e diretor do departamento de piano na Universidade de Oregon.
Programa Ospa
Nikolai Rimsky-Korsakov (1844-1908): Scheherazade Op.35
I. O mar e o navio de Simbad
II. A narrativa do príncipe Kalender
III. O jovem príncipe e a jovem princesa
IV. Festival de Bagdá. O mar. O navio se choca contra um rochedo encimado por um guerreiro de bronze.
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Abertura Egmont, Op.84
Ludwig van Beethoven (1770-1827): Fantasia Coral, Op.80
I. Adagio
II. Finale
Regente: Evandro Matté (Brasil)
Solistas: Alexandre Dossin (piano – Brasil),
Elisa Machado, Larissa Ramos, Angela Diel, Eduardo Bighelini, Adolfo S. do Amaral, Ricardo Barpp (coristas)
Participação Especial: Coro Sinfônico da Ospa