Fechada desde ontem (10) por causa das fortes chuvas que atingiram São Paulo, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) pode ser reaberta em 24 horas, período necessário para que seja terminada a limpeza do local, disse hoje (11) o presidente da empresa, Johnni Hunter Nogueira.
Segundo ele, a enchente trouxe “grande transtorno” para a companhia. “Vamos trabalhar com previsão de que, em mais ou menos em 24 horas, o mercado esteja totalmente aberto”, disse.
“Fechamos o mercado para a entrada dos produtos. Para os caminhões carregados [que estão chegando com mercadorias] abrimos portões extras nos [portões] 7 e 18, onde esses caminhões estão sendo alojados até o mercado funcionar. E contratamos guincho para a retirada de vários veículos que permaneceram na companhia durante o alagamento [um total de quase 250 veículos]”, disse o presidente da Ceagesp.
A estimativa é que os atacadistas tenham prejuízo de aproximadamente R$ 20 milhões. Sete mil toneladas de produtos foram perdidas, segundo o responsável pela área de economia da companhia, Flávio Godas. Os setores mais atingidos pela enchente foram as frutas, as verduras e os legumes. As áreas de pescados e flores não registraram problemas. Com o dia de hoje parado, sem comercialização dos produtos, o prejuízo é estimado em até R$ 4 milhões.
“Por sorte, de domingo para segunda, o estoque é menor para o mercado em função do domingo não haver comercialização. Os estoques eram baixos e os produtos que chegaram foram, juntamente com esse estoque baixo, os mais afetados”, disse Godas.
Godas pede que os produtores rurais [estimados em 25 mil] que abastecem o entreposto não coloquem seus produtos em trânsito antes de se comunicar com o permissionário. “Não iniciem o trajeto até a Ceagesp sem falar com os permissionários, o destino deles aqui dentro”, disse.
Segurança alimentar e abastecimento
Os portões do Entreposto continuam fechados para entrada e saída de mercadorias, até que a situação dentro do mercado esteja normalizada. O presidente afirma ainda que o fechamento reforça medidas de segurança alimentar, para que nenhum alimento contaminado seja comercializado e chegue indevidamente à mesa do consumidor. Todos os alimentos que estão no local estão sendo levados a um aterro, sob fiscalização, para impedir que sejam consumidos.
“A população tem que ficar tranquila quanto aos alimentos que saem daqui. Existe controle muito grande dos alimentos que estão aqui. A empresa se responsabiliza totalmente com o que está aqui dentro. Não existe risco de contaminação ou de desabastecimento”, ressaltou o presidente da empresa.
“Não enxergamos, nesse primeiro momento, risco de desabastecimento porque o dia em que isso aconteceu foi no domingo para segunda-feira, quando o estoque era baixo e os boxes ainda não tinham recebido a mercadoria. As mercadorias seriam recebidas na segunda-feira. O volume comercializado na segunda-feira também é menor. Então isso não acarretaria muito em desabastecimento e risco de [aumento] de preço [dos produtos]”, disse o presidente.
De acordo com Rubens Reis, gerente de mercado da Ceagesp, a companhia comercializa, por dia, de 10 a 11 mil toneladas. “Esse produto ou está na região produtora ou está no meio do caminho. Sendo restabelecida a Ceagesp, esse produto começa a chegar. Vamos trabalhar arduamente para poder escoar o mais rápido possível, com abertura durante 24 horas”, disse. “O problema de desabastecimento eu acho pouco provável [de acontecer]”, ressaltou.
Nogueira disse que as equipes estão trabalhando 24 horas para tentar agilizar o processo de limpeza do local. Os turnos das equipes de segurança e fiscalização também foram aumentados. “Nossa maior preocupação foi com o descarte desses alimentos. Todos os permissionários que estavam envolvidos, orientados pela companhia, e junto com as nossas equipes, estão descartando os alimentos que poderiam estar contaminados pelas águas. Orientamos eles a fazer o descarte, que será feito para um aterro sanitário. E contratamos mais caminhões, carregadeiras e máquinas para que isso seja feito da forma mais breve possível”.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontaram que São Paulo teve a pior chuva em quase 40 anos. Desde 1983 não chovia tanto em um só dia.
O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da Ceagesp está localizado em área baixa, na zona oeste da capital, muito próxima aos rios Pinheiros e Tietê, região constantemente suscetível a alagamentos.