Quem nasceu ou vive em Rio Grande conhece a importância que a fábrica Rheingantz teve para a cidade. O desenvolvimento do município foi impulsionado pela instalação de uma das maiores fábricas têxteis do País, em 1873.
Famílias inteiras tiveram o seu sustento vindo do trabalho na empresa durante os quase 120 anos de funcionamento. Houve o apogeu e períodos de dificuldade até as portas se fecharem definitivamente em 1991. Algumas tentativas de uso do imóvel foram feitas, mas nenhum negócio se estabeleceu com força ali.
Imponente, forte e austero o prédio que foi projetado parcialmente pelo arquiteto alemão Theodor Wiederspahn sofreu as ações do tempo e do abandono, mas resistiu, permanece em pé e agora vai ganhar uma segunda chance.
A Innovar Incorporações, empresa de Marau, arrematou a edificação em leilão em 2012 e inicia a obra de revitalização ainda no primeiro trimestre do ano. Várias etapas legais e burocráticas foram vencidas e no último dia 24 a Innovar recebeu o alvará para o início das obras.
O projeto é minucioso e ocupou mais de três anos de trabalho de uma equipe interdisciplinar que contou com escritórios de São Paulo, Rio Grande e Marau.
“Nossa principal preocupação foi preservar as características estéticas para devolver toda a beleza e importância cultural da construção. Reconhecemos e admiramos o vínculo afetivo que a população mantém com a antiga fábrica Rheingantz e tudo o que ela representou para o desenvolvimento de Rio Grande. Nossas expectativas são as melhores, temos certeza de que será um trabalho muito rico”, comenta o diretor administrativo-financeiro da Innovar Incorporações, Rangel Moraes.
Projeto
Com vasta pesquisa, o projeto de revitalização levou em conta diferentes fatores, como o estudo das plantas originais, trabalhos acadêmicos de referência desenvolvidos sobre a Rheingantz, publicações e livros de escritores da região.
Parte do prédio é tombada pelo Iphae (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado), o que inclui o antigo Escritório Central da empresa. Essa área, com maior importância arquitetônica, foi projetada pelo arquiteto Theo Wiederspahn.
A ideia é manter a identidade original, mas isso é difícil, pois o projeto recebeu muitos acréscimos posteriores, que de uma certa forma eram necessários para atender as necessidades fabris da época.
Além disso, a construção deverá ser adaptada a novos usos e tecnologias mais atuais para garantir a segurança e bem estar dos usuários.
As obras iniciam pelo telhado, que está com a estrutura comprometida e apresenta risco iminente de desabamento.
Com o alvará para início das obras concedido e a empresa que vai operacionalizar a primeira fase já contratada, a previsão de início é ainda em fevereiro.
Além da restauração, a Innovar Incorporações também tem um projeto para o local que soma 14,6 hectares de área total. Mas ainda aguarda algumas definições.
“O que podemos dizer é que não será um condomínio fechado. Queremos que toda a população possa usufruir e frequentar a área da fábrica Rheingantz, que será totalmente recuperada e revitalizada”, assegura Moraes.