No ano em que busca a reeleição, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também enfrentará a reta final do processo de impeachment.
As acusações são de que teria solicitado a um governante a investigação de opositores e, depois, atuado para dificultar a apuração pelo Congresso estadunidense.
Depois de aprovado na Câmara de Representantes, onde a maioria dos opositores é do partido democrata, o processo será avaliado pelo Senado, controlado pelos republicados, com legenda conservadora da qual faz parte o presidente.
No fim de 2019, em 18 de dezembro, a Câmara dos Representantes (o equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) aprovou o impeachment de Trump.
Os parlamentares entenderam que ele incorreu em abuso de poder ao articular, juntamente ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, o repasse de dados contra adversários políticos que poderiam beneficiar Trump na disputa à Casa Branca.
O assunto veio à tona com a revelação de suposta conversa entre Trump e Zelensky, em julho deste ano, quando Trump teria pressionado para que o titular da Presidência ucraniana atuasse em seu favor ao investigar ação contra o filho senador Joe Biden, seu concorrente na corrida presidencial.
O episódio foi vazado por denunciantes anônimos, e noticiado na imprensa dos EUA. Em 24 de setembro, o partido democrata anunciou a abertura do inquérito de impeachment.
Traição
A porta-voz da Câmara de representantes, a parlamentar democrata Nancy Pelosi, declarou que a pressão de Trump sobre o presidente ucraniano significava a “traição da integridade das nossas eleições” e que ninguém estava acima da Lei.
Trump liberou um comunicado classificando a iniciativa do inquérito como uma “caça às bruxas” e um “assédio presidencial” perpetrados pelos democratas para tentar prejudicar sua imagem no pleito de 2020. Após a aprovação, definiu a decisão como uma “política suicida” e uma “eterna marcha da vergonha” dos democratas.
Além do abuso de poder, a votação da Câmara de Representantes também condenou Trump por obstrução, justificando que o presidente teria proibido ou dificultado o fornecimento de esclarecimentos por funcionários de sua administração durante as investigações.
Senado
A questão envolve o encaminhamento do processo ao Senado. Seriam necessários dois terços dos votos para que o impeachment fosse confirmado. Contudo, com a maioria republicana na casa, é muito pouco provável que tal aprovação ocorra. Na Câmara de Representantes, todos os parlamentares do partido do presidente votaram contrários à derrubada do mandatário.
A bancada democrata da Câmara segurou o processo, em vez de encaminhá-lo automaticamente ao Senado. Por meio de sua conta no Twitter, Nancy Pelosi afirmou no dia 23 de dezembro que não poderia prosseguir enquanto não soubesse “que tipo de julgamento o Senado conduziria”.
“O presidente Trump bloqueou suas próprias testemunhas e documentos da Câmara e do povo dos Estados Unidos, em falsas reclamações sobre o processo na Câmara. Qual é sua desculpa agora?”. Nancy falou ainda sobre a necessidade das testemunhas serem ouvidas no Senado.
Em sua conta no Twitter, Trump criticou, ontem (31), a indefinição sobre o encaminhamento. “Eles não tiveram um voto republicano na Câmara dos Representantes e perderam votos de três democratas. Eles não produziram um caso e, agora, ela [Nancy Pelosi] não quer ir ao Senado. Ela é só mentiras”, reclamou o presidente.