Mesmo com novos projetos de resolução trabalhados durante a noite e apresentados hoje de manhã (14), o plenário da reunião do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) continuava dividido, com União Europeia e países como o Brasil e México em desacordo com os textos.
Já em “tempo extra”, depois de a 25ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas ter chegado ao seu último dia na sexta-feira (13), referências à ambição das metas nacionais e referências aos relatórios científicos levaram várias nações a manifestar “desconforto” e desacordo em relação aos textos em discussão.
A delegação da União Europeia declarou que as partes não podem sair de Madrid “sem uma forte mensagem de ambição”.
“É algo que, no exterior, esperam de nós, e nós temos que ouvir esse apelo”, afirmou a porta-voz da delegação, defendendo que o projeto de declaração final “precisa de ser fortalecido e o nível de ambição tem que ser mais elevado”.
A delegação mexicana notou também que no rascunho de resolução “não há referência a um dos feitos mais aplaudidos” da conferência: “a adoção de um novo plano de ação para o genero, que leve em conta os direitos humanos e os desafios que as comunidades locais e os povos indígenas enfrentam”.
Do mesmo modo, a delegação do Belize assinalou que “esta era a COP da ambição, mas não se vê”, acrescentando que “as referências à ciência foram enfraquecidas e todas as referências a reforçar as contribuições nacionais desapareceram”.
O Brasil manifestou “profundo desconforto” com a inclusão no texto de uma proposta para aprofundar o debate sobre os efeitos das alterações climáticas em terra, entendendo que “não há razão para prosseguir esta discussão”, que se debruça sobre gestão de florestas e outros temas.
“Queremos que se apague qualquer proposta nesse sentido, e não estamos sozinhos nessa posição”, tratando-se de “uma linha vermelha” para a representação do Brasil e para países como a Argentina ou o Uruguai.
Arábia Saudita e Rússia manifestaram-se contra a posição brasileira, defendendo que não há razão para manter no texto referências aos efeitos do aquecimento global nos oceanos e retirar as que dizem respeito aos efeitos em terra.
Com o plenário novamente interrompido, foi dado tempo às delegações para estudarem e decidirem sobre um novo texto que se refere à aplicação do artigo 6 do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global, que será novamente analisado numa reunião que não tem, para já, fim à vista.